Blog do Caminhoneiro
Em texto divulgado em seu site, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) se mostra preocupada com a intenção de elevação da mistura do biodiesel no diesel para aumentar a disponibilidade desse combustível no país. Essa informação foi dada após a Petrobras destacar ao Governo Federal a possibilidade de escassez do combustível no segundo semestre, durante a colheita e transporte de grãos.
Para a CNT, esse tipo de medida só traria benefícios para o setor produtivo de biodiesel. A utilização de maior porcentagem do combustível verde no diesel vai causar aumento de valor, aumento de consumo nos caminhões e também pode gerar mais inflação.
“Essa proposta não necessariamente representará aumento da oferta do combustível, tampouco a diminuição do preço final do produto”, disse a CNT.
Caso o percentual de biodiesel no diesel seja aumentado dos atuais 10% para 13%, aumentaria imediatamente o preço final do diesel em 1,4%. Se elevado o percentual para 15%, o impacto seria de 2,4% no preço do diesel nas bombas.
Para a CNT, além do custo inicial, a utilização de maior quantidade de biodiesel causa problemas mecânicos nos veículos. Entre os problemas detectados, consta o aumento do consumo de combustível, agravando ainda mais a escassez de oferta.
“Outro ponto importante é que o aumento da mistura do biodiesel não vai reduzir a emissão de poluentes, ao contrário, vai aumentar, justamente por causar problemas no sistema de motor que levam ao comprometimento da queima do combustível que se dá na câmara de combustão. O aumento de consumo de combustível, provocado pela queda de performance nos veículos de ciclo diesel, abastecidos com teor de biodiesel acima do que os seus motores são capazes de processar, aumenta a emissão de poluentes”, destacou a entidade.
Para reduzir alguns problemas do uso em maior quantidade de biodiesel, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) está revisando as especificações do biodiesel éster, já que a formulação atual foi estabelecida para teor de até 7% na mistura com o diesel.
A entidade também disse que a retomada da elevação da mistura nesse momento, sem a finalização das ações que comprovem a sua viabilidade técnica em veículos de diferentes fases do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), implicará no ressurgimento dos problemas operacionais, incluindo paradas repentinas dos veículos, elevando o custo da atividade produtiva no país e colocando em risco a segurança da operação, dos motoristas e passageiros do transporte rodoviário.
Para a CNT, neste momento, é importante garantir previsibilidade aos consumidores, especialmente no que diz respeito à manutenção dos 10% de mistura ao longo de todo o ano de 2022, conforme decidido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), estabelecidos em dezembro do ano passado.
“É fundamental que seja mantido o compromisso do Governo com os princípios da tecnicidade, previsibilidade, transparência, segurança jurídica e regulatória aos setores econômicos”, finalizou a confederação. (Blog do Caminhoneiro)