Toyota quer acelerar discussão sobre tecnologias de veículos eletrificados para o Brasil

O Estado de S. Paulo

 

Líder de vendas de veículos híbridos no Brasil, com quase 7,6 mil unidades do Corolla e do Corolla Cross fabricados localmente, a Toyota vai apresentar ao governo, na próxima terça-feira, 7, mais três tecnologias de veículos eletrificados para tentar acelerar a discussão sobre como o País vai se posicionar no processo de transição do setor automotivo, movimento que já ocorre globalmente.

 

Além das versões já fabricadas no mercado brasileiro com a inédita tecnologia híbrida flex, a empresa trouxe do Japão automóveis híbridos plug in, 100% elétricos e a célula de combustível. A apresentação ocorrerá em Brasília e deve reunir ministros e representantes de universidades que trabalham no desenvolvimento de novas tecnologias de mobilidade.

 

A Toyota iniciou testes no País da versão do Mirai, da Lexus (marca de luxo do grupo), movida a célula de hidrogênio. O projeto tem parceria com a White Martins, que instalou um posto de abastecimento de hidrogênio na fábrica do grupo em Sorocaba (SP).

 

O presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, diz que a intenção da empresa é mostrar a diversidade de tecnologias disponíveis pela marca globalmente, mas reforça que, para o mercado brasileiro, segue apostando nos híbridos flex – podem usar gasolina ou etanol como combustível que alimenta o motor elétrico.

 

É uma tecnologia que já está pronta, é prática e disponível para cumprir com metas de neutralidade de carbono, afirma o executivo. “O que precisamos é avaliar a produção local do sistema híbrido, composto por bateria, motor elétrico e unidade de controle, hoje importados”, diz Chang.

 

A Toyota do Brasil negocia com a matriz um novo plano de investimentos para definir quais os futuros veículos a serem produzidos nas fábricas de Sorocaba e Indaiatuba, ambas em São Paulo. O último plano de R$ 1 bilhão se encerrou em 2020, com o desenvolvimento do Corola Cross híbrido.

 

Junto com o sedã, os dois híbridos representam 40% das vendas do Corolla. “Inicialmente imaginávamos uma participação de 20%”, informa Chang.

 

Grupo confirma fechamento da planta do ABC

 

A empresa reafirma a decisão de o fechar a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde são fabricados componentes. Toda a produção será transferida para as duas unidades de automóveis e para a de motores, em Porto Feliz, até novembro de 2023.

 

Desde que anunciou o fechamento, no início de abril, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Prefeitura de São Bernardo e o governo de São Paulo tentavam negociar a manutenção da unidade, a primeira do grupo japonês no País, inaugurada há 60 anos.

 

“Mais do que economia, a decisão leva em conta a sinergia das operações no Brasil, que ajuda a aumentar nossa competitividade”, afirma o presidente da Toyota. Os funcionários da unidade podem ser transferidos para uma das outras três fábricas. Para os que não quiserem se mudar, a montadora vai negociar com o sindicato um pacote de compensações salariais.

 

Terceiro turno em Porto Feliz

 

Chang também informa que a fábrica de Porto Feliz vai ampliar o terceiro turno de trabalho para atender um inédito contrato de exportação de motores para os Estados Unidos. O primeiro lote de encomendas anuais de 45,6 mil unidades começará a ser entregue em setembro.

 

O grupo acaba de contratar 150 funcionários para ampliar a produção na unidade de 13 mil para 17 mil motores ao mês. A planta já opera em três turnos em duas áreas – prensa e componentes para a picape Hilux, feita na Argentina. A partir de setembro, toda a operação vai funcionar 24 horas, assim como a planta de Sorocaba, onde são feitos os modelos Corolla Cross, Yaris e Etios, este último para exportação. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)