Jornal do Carro
A Volkswagen e o InovaUSP começaram, nesta semana, a trabalhar no desenvolvimento de soluções para motores de injeção direta no objetivo de reduzir consumo e emissão de CO2 com base no uso do etanol. Mas, não é de hoje que a VW inova o setor automotivo. Foi ela que criou o primeiro centro de desenvolvimento e pesquisa do Brasil, que tornou o motor flex realidade e, de quebra, ainda manteve um de seus modelos por quase 30 anos como o mais vendido do mercado. E esses 69 anos de história, você confere aqui.
Em números gerais, a Volkswagen do Brasil já teve 33 linhas de produto diferentes, mais de 24 milhões de unidades produzidas e mais 12,5 milhões de motores construídos em solo nacional.
Foi em março de 1953 que a Volkswagen deu o pontapé inicial em sua produção no Brasil. Mas não foi, de primeira, na fábrica da Anchieta. Nessa época, a sede era situada no bairro do Ipiranga, Zona Sul de São Paulo. Tinha apenas 12 funcionários. De lá, saíam Fusca e Kombi. Ambos tinham peças importadas da Alemanha.
Só em 1959, com ritmo mais forte no País, a marca optou por inaugurar a planta do ABC paulista. Tratava-se, portanto, da primeira unidade da Volkswagen construída fora da Alemanha.
Seis anos depois, uma expansão permitiu a inauguração do primeiro centro de desenvolvimento, pesquisa e design do País. Um ano depois, já haviam 1 milhão de carros produzidos. Nesse sentido, outras três fábricas foram inauguradas no País. São elas: São Carlos e Taubaté, no interior de SP, e São José dos Pinhais (PR).
Anos 50, 60 e 70
No fim dos anos 1950, a Volkswagen iniciou o processo de nacionalização no Brasil. Em 1959, a Kombi (que teve versões para passageiros, furgão e picape) tinha 50% de suas peças produzidas localmente. Consistia, portanto, no maior índice de nacionalização do mercado de veículos à época. O Fusca, no entanto, fabricava 54% de suas peças no País. Isso os tornou mais baratos e, logo, caíram no gosto do consumidor.
Kombi
Na década seguinte, em 1965, a VW foi a primeira montadora nacional a inaugurar um centro de desenvolvimento, pesquisa e design. Com o objetivo de criar novos produtos, a marca lançou projetos como o Karmann-Ghia (da alemã Karmann-Ghia), o cupê SP e o hatchback Brasília, lançados ao longo da década de 1970.
Em 1974, uma nova era foi aberta pelo Passat. Destaque para seu salto tecnológico (motor dianteiro com refrigeração líquida) e para suas novas molas helicoidais no conjunto de suspensão.
Gol
É clichê, mas em 1980 a Volkswagen fez um gol de placa. Foi neste ano que a fabricante lançou uma nova família de modelos, liderada pelo Gol. O modelo, que se mantém em linha até hoje e já passou por 7 gerações, agradou tanto o público que manteve liderança por 27 anos consecutivos. Hoje, trata-se do modelo mais produzido, vendido e exportado do mercado brasileiro.
Ainda em sua primeira geração, o VW Gol se tornou o primeiro carro com injeção eletrônica de combustível do Brasil. A versão GTi nasceu, no fim da década de 1980. Levava motor 2.0, quatro cilindros de 120 cv. O torque ficava em 18,4 mkgf. Câmbio: manual de cinco marchas.
Em 1994, a história do Gol ficou marcada com a chegada da segunda geração, vulgo “Bolinha” por causa das linhas arredondadas. A princípio, a injeção eletrônica consiste em outra inovação do modelo.
Em 2003, a terceira geração do Gol (apelidado de Gol G3) inovou ao inaugurar a primeira motorização flex do mercado. Nesse sentido, o propulsor 1.6 do hatch podia beber tanto gasolina quanto etanol. Nomeada de Total Flex, a tecnologia lançada pela Volks marcou a indústria automotiva brasileira, que logo tratou de copiar e adaptar a tecnologia. Hoje, quase todos os carros vendidos no País são flex.
Santana, Polo, Fox e companhia
Em 1984, o Volkswagen Santana, em suma, foi o responsável por fazer a marca subir de patamar. Baseado no Passat europeu, o sedã – projetado e desenvolvido por engenheiros e designers locais – ficou marcado pela revolução que trouxe em termos de tecnologia e segurança. Ainda em 1991, o três-volumes oferecia freios ABS. No ano seguinte, passou a disponibilizar catalisadores no sistema de escape. Isso, portanto, antecipou as determinações do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que entrariam em vigor na sequência.
Santana
Para crescer a família de hatches, a Volkswagen lançou o Polo, em 2002. Não fez tremendo sucesso por aqui. Mas teve suas inovações, como a oferta de direção eletro-hidráulica, por exemplo. Quem também inovou foi o Fox. Nascido em 2003, o compacto de teto alto foi inteiramente projetado e desenvolvido no País. Passou a ser vendido também na Europa. Já o Passat alemão (importado da Alemanha) chegou em 2007, inaugurando os motores turbo TSI.
O passado recente, no entanto, trouxe importantes lançamentos como up! (2014), Novo Polo (2017), Virtus (2018) e Nivus (2020). Este último resolveu, portanto, investir numa carroceria alta de estilo cupê. Mas inovou por inaugurar a nova central multimídia VW Play. Nela, interface intuitiva, conexão com smartphone sem fio e aplicativos nativos.
Nascido em 2021, o Taos, por fim, trata-se do último dos lançamentos da Volks no Brasil. Produzido na Argentina, o SUV (5 estrelas nos testes do Latin NCAP) concorre numa das mais disputadas categorias do Brasil, a de SUVs médios – liderada pelo Jeep Compass. No futuro breve, a marca focará em emissão zero, com os elétricos ID.3 e ID.4 (veja o teste aqui). Em síntese, a empresa estuda possibilidades de implantar os modelos híbridos flex no País. E o Gol, finalmente, vai sair de linha e virar SUV. (Jornal do Carro/Vagner Aquino)