Para não rever os aumentos, Petrobras culpa cenário externo

O Estado de S. Paulo

 

Sob pressão do presidente Jair Bolsonaro e do comando do Congresso, a Petrobras divulgou nota ontem em que afirmou que só decidiu pelo megarreajuste nos combustíveis no final da semana passada “após serem observados preços em patamares consistentemente elevados”. No último dia 11, com a disparada dos preços internacionais do petróleo, a Petrobras reajustou o preço da gasolina em 18,7%, e o do diesel, em 24,9%. Já o gás de cozinha ficou 16,1% mais caro.

 

O preço do barril tem apresentado forte volatilidade devido à guerra na Ucrânia, às sanções comerciais à Rússia e à nova onda da covid na China. Nos primeiros dias desta semana, houve quedas, com o barril voltando a ser vendido abaixo de US$ 100, mas, no final da semana, o preço do barril voltou a se valorizar. Bolsonaro e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-al), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cobraram publicamente a estatal para que reduzisse os preços.

 

Na nota de ontem, a Petrobras diz que, “nos últimos meses, o mercado internacional de petróleo vem enfrentando elevada volatilidade, tendo a covid-19, seus impactos e incertezas, como pano de fundo. Mais recentemente, as tensões geopolíticas na Europa adicionaram mais uma componente de volatilidade”.

 

“Em um primeiro momento, apesar da disparada dos preços internacionais, a Petrobras, ao avaliar a conjuntura de mercado e preços conforme governança estabelecida, decidiu não repassar de imediato a volatilidade, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo. Somente no dia 11 de março, após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, a Petrobras implementou ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras de gasolina, diesel e GLP (gás de cozinha)”, afirmou a companhia.

 

Segundo a empresa, os valores aplicados naquele momento, apesar de relevantes, refletiam somente parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, que foram fortemente impactados pela oferta limitada frente a demanda mundial por energia.

 

“Nos últimos dias, observamos redução dos níveis de preços internacionais de derivados, seguida de forte aumento no dia de ontem. A Petrobras tem sensibilidade quanto aos impactos dos preços na sociedade e mantém monitoramento diário do mercado nesse momento desafiador e de alta volatilidade, não podendo antecipar decisões sobre manutenção ou ajustes de preços”, afirmou. (O Estado de S. Paulo/Beth Moreira)