Isto É Dinheiro
As empresas vão comercializar, fora do Brasil, veículos sem algumas funcionalidades que dependem de semicondutores em falta.
A escassez de semicondutores continua a afetar a indústria automotiva pelo mundo. Primeiro de forma mais tímida, agora de forma assumida, os fabricantes começam a arranjar soluções para contornar o problema, eliminando temporariamente funcionalidades e compensando financeiramente os clientes.
A escassez de semicondutores continua a ser um problema, tanto que a Ford decidiu contornar com uma nova estratégia. A empresa vai comercializar, fora do Brasil, veículos Ford Explorers sem algumas funcionalidades que dependem de semicondutores em falta.
A diferença vai se notar também no preço, já que esses veículos serão comercializados com desconto, ainda que os clientes tenham a opção de mais tarde levar os veículos à oficina para integrar os chips em falta.
Os semicondutores serão enviados para os revendedores no prazo de um ano e eles irão instalar nos veículos, de acordo com informação divulgada pelo site Automotive News. Os chips em questão integram o sistema de ar condicionado traseiro dos veículos e de controle de temperatura. Em declaração ao The Verge, um porta-voz da empresa explicou que ambas as funcionalidades continuam podendo ser controladas a partir dos lugares da frente do veículo.
A alteração é temporária e uma forma de acelerar os prazos de entrega dos veículos. Será também uma forma, como destaca o site que revelou a notícia em primeira-mão, de ajudar a fabricante a libertar as fábricas de veículos parcialmente construídos, que não consegue escoar por falta dos chips que equipam algumas funcionalidades.
A Ford já tinha se visto obrigada a tomar uma decisão semelhante para responder à procura da pick-up F-150, que já começou a ser produzida depois do prazo previsto por causa da falta de chips. Neste modelo, a empresa avançou com uma versão sem sistema automático start-stop, compensando os clientes que aceitaram a opção com um crédito de 50 dólares.
A decisão da Ford não é exclusiva. Outros fabricantes têm sido forçados a medidas idênticas. A Tesla, em novembro do ano passado, já tinha começado a entregar unidades dos modelos 3 e Y sem portas USB, informando depois os usuários que esses componentes seriam integrados mais tarde. A decisão neste caso acabou por gerar alguma polêmica, porque os clientes não foram informados da falha, antes de comprarem os veículos.
A Volkswagen confirmou também no final do ano passado que ia começar a vender alguns modelos sem display tátil e a GM deixou de usar um módulo de gestão de combustível que permitia maior eficiência em alguns modelos de pick-ups e deixou de integrar carregadores sem fios em outros modelos.
No caso da Volkswagen a decisão afeta modelos da Série 3, X5, X6 e X7. Os modelos nestas condições são vendidos com um crédito de 500 dólares e com uma autorização assinada pelo cliente, onde confirma que está a par da alteração.
A pandemia da Covid-19 foi responsável por uma crise sem precedentes na indústria dos semicondutores. A indústria previa um regresso progressivo à normalidade entre o final deste ano e o início do próximo, mas a guerra na Ucrânia poderá agravar ainda mais a situação. (Isto É Dinheiro)