O Estado de S. Paulo
Após o megarreajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras na semana passada, os economistas do mercado financeiro aumentaram de 5,65% para 6,45% a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial. Há um mês, a projeção era de 5,50%.
O Relatório Focus divulgado ontem pelo Banco Central (BC) também mostrou alta nas projeções de 2023 (3,51% para 3,70%) e 2024 (3,10% para 3,15%), que se distanciaram do centro da meta de 3,25% e 3,00%, respectivamente. Cresce o desafio do Comitê de Política Monetária (Copom), que amanhã definirá a nova taxa básica de juros do País.
Após a nona alta consecutiva, a estimativa do IPCA para 2022 já está 1,45 ponto acima do teto da meta deste ano, de 5%, apontando probabilidade cada vez maior de novo descumprimento pelo BC de seu mandato principal em 2022, após o desvio de 4,81 pontos em 2021, quando o IPCA foi de 10,06%. O alvo central é de 3,50%, com tolerância de 1,50 ponto para cima e para baixo.
A estimativa para o IPCA deste ano disparou 0,80 ponto, como consequência do novo rali dos preços de commodities, como o petróleo, e de surpresas de alta em dados de inflação corrente, como o IPCA de fevereiro (1,01%).
Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio de Souza Leal, o quadro de inflação mais pressionado sugeriria, em condições normais, uma dose mais forte de aperto monetário para domar as expectativas. “Entretanto, a situação está longe de ser normal, e acho que o BC pode optar por ‘não fazer marola’ e manter a ideia inicial de subir 1,00 ponto porcentual”, diz o economista, reforçando sua projeção de alta da Selic de 10,75% para 11,75% ao ano no
Copom desta semana
O salto da projeção para o IPCA de 2022 é o maior em quase duas décadas, segundo levantamento realizado pelo economista Leonardo França Costa, da ASA Investments, a pedido do Estadão/broadcast. De 25 de outubro para 1.º de novembro de 2002, a mediana para o IPCA 2003 subiu 1,10 ponto, de 7,10% para 8,20%, o maior avanço da série do Focus, iniciada 3 de janeiro de 2000. Na época, o dólar disparou devido ao temor do mercado com a eleição ao Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (O Estado de S. Paulo/Thaís Barcellos)