Conflito pode agravar escassez de chips, avalia a Coalizão Indústria

O Estado de S. Paulo

 

A crise de abastecimento de componentes eletrônicos, que há mais de um ano é o principal gargalo de produção na indústria de automóveis e de produtos eletroeletrônicos, pode se agravar caso a invasão da Ucrânia pela Rússia persista. Essa é uma das avaliações sobre os impactos da guerra apresentadas ontem pela Coalizão Indústria, um grupo que representa 12 setores industriais, de brinquedos a veículos.

 

“Fora o aspecto humano, do ponto de vista econômico podemos ter o problema dos semicondutores agravado por falta de matérias-primas essenciais a sua produção”, afirmou o presidente da Abinee, associação da indústria de aparelhos eletrônicos, Humberto Barbato. De acordo com ele, o processo de produção de chips depende de um gás derivado de siderúrgicas russas, que depois passa por purificação na Ucrânia.

 

Segundo Barbato, embora esse entrave não tenha potencial de comprometer imediatamente a produção mundial, é possível que isso venha a ocorrer porque as fábricas em geral operam com estoques mínimos.

 

José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, entidade que representa a indústria do plástico, apontou que a diminuição da frequência de navios em trajetos afetados pela guerra tende a ser um grande problema pelo impacto nos prazos de entrega. Mas, apesar da alta nos preços do petróleo, ele não vê rupturas no suprimento de combustíveis fósseis e gás natural usados na produção de plástico, a menos que o conflito se prolongue.

 

Frete

 

Um novo aumento no frete é visto como “inevitável” com a escalada das cotações do petróleo. Conforme Fernando Pimentel, presidente da Abit, associação que representa a indústria têxtil, os preços do transporte de mercadorias – que já estavam altos por causa das dificuldades de contratação de navios e da falta de contêineres na pandemia – provavelmente voltarão a subir. “Permanecendo o conflito, a tendência é de repasses aos custos de frete, colocando mais lenha na fogueira na inflação mundial.” (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)