Investimento de R$ 10 bilhões da Great Wall no País vai priorizar elétricos

O Estado de S. Paulo

 

A montadora chinesa Great Wall Motor (GWM) anunciou ontem que seus planos no Brasil preveem investimentos de longo prazo da ordem de R$ 10 bilhões, meta de faturamento de R$ 30 bilhões em três anos e o lançamento apenas de veículos eletrificados. Os carros que o grupo automotivo vai vender no País, a partir do fim deste ano, serão híbridos – tecnologia que combina um motor convencional a outro, elétrico – ou totalmente elétricos.

 

Conforme o plano de negócios divulgado ontem, os investimentos serão divididos em duas fases. Como já havia anunciado cinco meses atrás, na época da aquisição da fábrica que pertencia à Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), os investimentos iniciais serão de R$ 4 bilhões. O montante inclui a adaptação da unidade e o desenvolvimento de fornecedores locais para que os carros fabricados no Brasil tenham 60% de peças locais.

 

A Great Wall também ajudará a criar uma rede de postos de recarga de carros elétricos. Essa primeira fase vai até 2025, e a expectativa é de que sejam gerados até lá 2 mil empregos diretos na unidade, que será a maior operação industrial da Great Wall fora da China. O faturamento anual previsto é de R$ 30 bilhões em três anos.

 

Depois disso, virão outros R$ 6 bilhões entre 2026 e 2032, período em que a produção de baterias entra na pauta. “Até poderemos ter produção de baterias no Brasil a depender das condições de mercado. O Brasil tem minerais estratégicos que compõem a bateria”, adianta Pedro Bentancourt, diretor de relações governamentais da Great Wall.

 

A fábrica no interior paulista passará por obras para alcançar capacidade de produção de 100 mil carros por ano, com o início da operação previsto para os primeiros meses do ano que vem. A montadora decidiu que vai lançar apenas utilitários esportivos e picapes, segmentos que já representam mais de 50% das vendas no Brasil.

 

Importação

 

Se tudo sair dentro do previsto, o primeiro carro produzido no Brasil será lançado no segundo semestre de 2023. Antes disso, a Great Wall começará a importar seus primeiros carros para o País. Até 2025, no primeiro ciclo de investimento, serão lançados dez modelos das marcas Haval (SUVs urbanos), Tank (SUVs off-road de luxo) e Poer (picapes). Na segunda etapa do plano de negócios, a montadora deve trazer os carros elétricos premium da Ora. Os carros híbridos da Great Wall no Brasil terão autonomia elétrica de 200 km – ou seja, serão capazes de percorrer essa distância sem a necessidade de acionar o motor a combustível (gasolina ou etanol).

 

Além de atender consumidores locais, a operação brasileira será uma base de exportação da Great Wall para a América Latina. O Brasil está inserido no projeto que objetiva transformar a Great Wall num grupo automotivo com faturamento de US$ 95 bilhões e venda global de 4 milhões de veículos até 2025. Em 2021, a empresa comercializou 1,28 milhão de automóveis no mundo. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)