Coisas de Agora
Com o crescimento das vendas de veículos com transmissão automática no mercado brasileiro, é cada vez maior a procura para entender seu funcionamento, vantagens e principalmente sobre a manutenção necessária para garantir sua durabilidade e confiabilidade.
Pesquisas apontam que até o final desta década, os motoristas brasileiros deverão migrar do câmbio manual para o automático de forma tão intensa que mais de 90% da frota disponível no mercado estará equipada com essa tecnologia mais recente. E quando falamos de carro elétrico, todos são automáticos e bem mais simples.
Por enquanto, vamos nas dúvidas que as pessoas têm quando o assunto é transmissão automática e entender os principais tipos existentes no mercado.
O câmbio automatizado possui como diferença para um câmbio mecânico convencional um sistema eletrônico que aciona a embreagem após analisar os parâmetros dos sensores de velocidade e rotação, fazendo a mudança automaticamente da marcha com o auxílio de um atuador hidráulico. Nas transmissões automatizadas, durante as trocas de marchas, ocorre interrupção do fluxo de torque semelhante a transmissão manual, porém de forma mais eficiente.
Este modelo de transmissão apresenta consumo de combustível equivalente ou até mesmo superior aos de transmissão manual e possui maior frequência de manutenção.
Já o câmbio automático consiste de um conjunto de engrenagens planetárias que funciona com o conversor de torque – possuem como componentes principais: planetária, conversores de torque, sistema de embreagens e corpo de válvulas.
O conversor de torque acopla o motor à caixa de câmbio (atuando como uma embreagem). Como o deslizamento é mais lento que o acoplamento da embreagem, o tempo na passagem é mais maior, assim como o consumo.
A vantagem desse sistema é que ele possui maior torque e resistência à fricção (considerando os sistemas com mais de 6 marchas). A desvantagem é que em sistemas com poucas marchas e tamanho reduzido, apresenta queda significativa na qualidade destes itens, maior ruído e consumo de combustível.
Já os câmbios automáticos de dupla embreagem combinam elementos de transmissão manuais e automáticas, e conta com pares de embreagens e conjuntos de engrenagens, separados por marchas pares e ímpares.
De modo geral, quando uma marcha é engatada, a próxima já é pré acionada. Portanto, a troca ocorre quase que imediatamente. Proporcionando excelente resposta em trocas de marcha e alta performance de fricção. Esse sistema ainda pode ser divido em seco e úmido.
A sigla CVT significa Continuously Variable Transmission (Transmissão Continuamente Variável). Esse sistema não possui marchas, e sim polias de diâmetros variáveis que permitem que o carro acelere gradativamente, como se houvesse apenas uma marcha. Isso porque existe uma variação das relações de transmissão continuamente, o que otimiza o desempenho do motor independente da velocidade exigida pelo acelerador.
O destaque desse tipo de transmissão é a economia de combustível e confiabilidade em seu funcionamento. No entanto possui resposta mais lenta e maior limitação em torques mais elevados. Sua manutenção é considerada mais simples que os demais.
O motorista deve ficar atento na manutenção preventiva de um câmbio automático, conforme especificado no manual do proprietário do veículo e seguindo os prazos estipulados para substituição dos fluidos e lubrificantes, reposição do fluido de arrefecimento do radiador, atenção à sinais como trepidação e demora ao arrancar, devem ser frequentes para manter o bom funcionamento do seu automóvel.
A partir desse conhecimento chegamos na discussão que mais encontramos na internet: é preciso substituir o óleo do câmbio automático? A resposta eu já falei no parágrafo anterior: observe a especificação no manual do proprietário do veículo. Pronto. Não adianta seu amigo que entende tudo de mecânica, acredite na engenharia, em quem desenvolveu seu veículo.
A partir dessa informação, sim, existem veículos que não precisam trocar o óleo da transmissão durante toda vida útil do veículo. O óleo do sistema de câmbio é projetado para ter durabilidade “for life”, ou seja, não há previsão de troca do fluido ao longo de toda a vida útil do veículo, situação por exemplo da Nova Strada com câmbio automático da Fiat, do câmbio tiptronic da Audi, sistema DCT da CAOA Chery, AT6 Aisin e AT9 (diesel) utilizados em veículos da Fiat e Jeep, automáticas do HB20, Creta e HB20 nova geração, modelos da Renault, Peugeot, Citroën e Volkswagen com conversor de torque tipo AQ.
Outras marcas sinalizam em seus manuais necessidades de observações, complementações ou conforme uso do veículo a substituição do óleo do câmbio automático.
Modelos com câmbio S tronic de dupla embreagem da Audi devem realizar a troca do fluido a cada 60 mil quilômetros ou três anos; modelos da BMW com quilometragem superior aos 120 mil km e com algum sinal como tranco ou trepidações devem trocar o óleo; com 40 mil km o motorista deve trocar óleo do câmbio no Arrizo 6, Arrizo 5, Tiggo 2, modelos da Honda com transmissão CVT, modelos da Nissan sem CVT e observar na Ford Ranger; Ford Mustang, Edge ST e Chevrolet Onix recomendam inspecionar e completar o óleo a cada inspeção de 10 mil km; a cada 60 km a Volkswagen recomenda a troca do óleo nos câmbios automáticos de dupla embreagem tipo DQ, situação de troca semelhante nos modelos da Volvo; a cada 80 mil km a Honda recomenda a troca do óleo do câmbio no Accord e a Toyota na RAV4, Corolla, Hillux, SW4, Prius e Camry; a Nissan recomenda inspeção a cada 100 mil km no modelos com CVT.
Nunca é demais afirmar que a necessidade de inspeção, troca ou mesmo a continuidade de uso do óleo da transmissão automática é especificada no manual do proprietário do veículo, que deve ser seguido à risca para manter o pleno funcionamento, confiabilidade e vida útil do veículo. (Coisas de Agora/Tarcisio Dias, profissional e técnico em Mecânica, Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista)