Falta de componentes reduz alta da produção de automóveis em 2021

O Estado de S. Paulo

 

O ano da maior crise de oferta na história da indústria automotiva terminou com o terceiro pior resultado de produção desde 2004. Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, 2,25 milhões de unidades foram montadas em 2021. Apesar de o volume representar um crescimento de 11,6% sobre 2020, a base de comparação é fraca, já que no ano anterior a chegada da pandemia parou completamente a produção no mês de abril.

 

Divulgado ontem pela Anfavea, entidade que representa a indústria de veículos, o número inclui 210,9 mil unidades produzidas em dezembro, mês em que as montadoras correram para finalizar automóveis cuja produção não seria mais permitida neste ano por conta do aperto nos limites de poluição veicular aceitos no País.

 

Mesmo com o crescimento na reta final, o resultado da indústria automotiva em 2021 é um dos três mais baixos dos últimos 17 anos, superando neste período apenas 2020, por conta do choque da pandemia, e 2016, ano em que o setor chegou a seu ponto mais baixo na prolongada recessão econômica da época.

 

Comprometida por gargalos de logística – como a falta de navios e de contêineres –, inflação das matérias-primas e, principalmente, escassez de materiais, sobretudo os componentes eletrônicos, a produção seguiu distante dos níveis de antes da crise sanitária, quando as montadoras, mesmo sem repetir seus melhores momentos, fabricavam 700 mil veículos a mais.

 

Houve, por outro lado, mais veículos destinados às exportações, que subiram 16% ante o ano anterior e alcançaram 376,4 mil unidades em 2021.

 

Para 2022, a Anfavea prevê um crescimento de 9,4% na produção de automóveis leves e pesados. A entidade estima que 2,46 milhões de veículos serão produzidos neste ano, abaixo ainda do nível pré-pandemia. O presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, destaca que a projeção considera que o problema atual que afeta as cadeias de produção, a escassez global de semicondutores, continuará a afetar o setor intensamente ao menos no primeiro semestre de 2022. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna e Bárbara Nascimento)