O Estado de S. Paulo
A Petrobras voltou ontem a ser a protagonista dos leilões de áreas para exploração e produção de petróleo do governo. A estatal pagou R$ 4,2 bilhões dos R$ 11,1 bilhões arrecadados em bônus de assinatura com a venda dos campos de Sépia e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos. O restante será dividido entre as outras quatro empresas vencedoras do leilão: Totalenergies, Shell, Petronas e QP.
Na rodada de licitações de outubro, a estatal ficou fora da disputa, e o governo amargou o pior resultado desde a abertura do setor em 1999. Foram vendidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apenas 5 das 92 áreas oferecidas, que totalizaram R$ 37 milhões. Além de a disputa não ter os tradicionais ágios, o número de participantes foi o menor da história, apenas duas empresas fizeram oferta.
A ausência no leilão de outubro tinha sido antecipada pela diretoria da Petrobras, que mantém o foco no pré-sal e está bastante seletiva na aquisição de novas áreas.
Isso explica o apetite pela rodada de ontem, na qual só foram ofertadas áreas no pré-sal. A expectativa é tão grande que a empresa já cogita distribuir dividendos adicionais aos investidores pela entrada de dinheiro em caixa. Isso seria possível pelo fato de a Petrobras ter sócias nos consórcios vencedores, que vão ter de recompensar a estatal pelo investimento feito antes do leilão.
Campos antigos
As áreas colocadas à venda na rodada de ontem são continuações de campos operados pela Petrobras, nos quais ela já precisou gastar para desenvolvê-las e onde já produz cerca de 200 mil barris diários de óleo equivalente.
“A compensação é maior do que o bônus que vamos pagar, eventualmente pode haver alguma distribuição de dividendo adicional, dependendo do cenário, é um caixa adicional que entra”, explicou o diretor Financeiro e de Relações com os Investidores da Petrobras, Rodrigo Araújo. Os recursos serão pagos pelas sócias Totalenergies, Shell, Petronas e QP e devem entrar no caixa da estatal no início de 2022.
Entre as estrangeiras, o destaque ficou com a Totalenergies, ao entrar no consórcio vencedor pelas duas áreas. A francesa pagará R$ 2,9 bilhões. No Brasil há 40 anos, a francesa tem 3 mil funcionários e detém participação em 24 blocos de exploração e produção de petróleo no País, sendo operadora em dez deles. No pré-sal da bacia de Santos, a Totalenergies está ao lado da Petrobras no campo de Mero, um dos maiores projetos atualmente do setor.
Perfuração
Presente no leilão, o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, disse que pretende começar a perfurar a margem Equatorial no segundo semestre do ano que vem, uma nova fronteira que pode trazer grandes campos de petróleo e gás para o Brasil, assim como a bacia de Sergipe. “Já estamos em Atapu e Sépia e vamos continuar, estamos produzindo muito bem lá. E temos outras áreas também para explorar, como a margem Equatorial e Sergipe”, disse Luna, referindo-se às novas fronteiras de petróleo e gás a serem exploradas no Brasil. (O Estado de S. Paulo/Denise Luna)