Scania investe em caminhões a gás mais potentes para o setor de grãos

Globo Rural

 

A fabricante de caminhões Scania está trabalhando no aumento da potência dos motores de seus caminhões movidos a gás natural e biometano para atender a demanda de transporte de grãos, em que são usados veículos de até nove eixos. A afirmação foi feita pelo diretor comercial da empresa no Brasil, Silvio Munhoz, durante o Fórum Caminhos da Safra, realizado pela Globo Rural e transmitido via internet.

 

Caminhões a gás da Scania lançados em 2019 após investimento de R$ 20 milhões na fábrica da companhia, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

 

“Precisamos de caminhões com mais potência. A aplicação majoritária (em grãos) é de nove eixos. Nossos motores não têm a potência necessária, mas estamos fazendo investimentos neste sentido. Já tem prazo, mas ainda prefiro mantê-lo entre mim e meus chefes”, disse Silvio, quando questionado se havia alguma previsão de chegada dos modelos com esses motores mais potentes ao mercado.

 

A empresa colocou esse caminhão a gás no mercado em 2019 e tem feito negócios com companhias de diversos segmentos não apenas para a composição de frotas próprias como também através de transportadoras prestadoras de serviço. A fabricação do modelo envolveu investimentos iniciais de cerca de R$ 20 milhões na fábrica da companhia, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

 

“Lançamos com uma expectativa mediana e todas as nossas expectativas foram superadas. Tivemos que aumentar a capacidade de produção da nossa fábrica”, disse Munhoz. “Com o diesel ao preço que está, o gás natural também subiu, mas ainda está competitivo. Além das vantagens na sustentabilidade ambiental”, destacou o executivo.

 

Na visão de negócios da empresa, a tendência é de aumento na utilização do gás natural e do biometano na matriz de transportes. E o agronegócio tende a ser importante para a interiorização do uso dessa tecnologia, especialmente, a partir do gás produzido pelos resíduos da produção de açúcar e etanol, nas usinas de cana-de-açúcar, e da produção animal, especialmente suínos.

 

“A capacidade de produção de biogás e biometano da agropecuária brasileira é descomunal. Nós somos os maiores produtores de soja, de milho, temos o maior rebanho de gado, somos os maiores produtores de carne de porco. Tudo isso tem capacidade de gerar biogás e biometano para abastecer a frota que circula por esse interiorzão aí transportando riqueza, e usando uma riqueza que hoje é jogada fora”, disse, durante o Fórum Caminhos da Safra.

 

Nos anúncios dos primeiros negócios com os caminhões a gás, ao longo do ano passado, a Scania destacava que o modelo teria uma autonomia de cerca de 500 quilômetros com um tanque cheio. No Fórum Caminhos da Safra, Silvio Munhoz destacou que alguns modelos em circulação tem conseguido fazer rotas maiores, como entre Rio da Janeiro e Curitiba, por exemplo.

 

O diretor comercial da Scania no Brasil reforçou a aposta da companhia na expansão e interiorização do uso do gás nos veículos pesados no Brasil. Segundo ele, há todo um movimento neste sentido e as próprias empresas distribuidoras de gás natural também já estão atentas.

 

“Temos grandes movimentos capitaneados pela indústria de cana, de usar a vinhaça para se produzir biometano. Esse movimento, propiciado pelo potencial agrícola brasileiro, vai levar a uma participação maior do caminhão a gá para usar o biometano, com redução de custo e contribuição ambiental”, analisou o executivo. (Globo Rural)