O Estado de S. Paulo
A Volkswagen vai abrir um programa de demissão voluntária (PDV) para 450 trabalhadores considerados excedentes na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A medida deve ocorrer no início do próximo ano, quando os funcionários retornarem de férias coletivas. O período de paralisação será de 20 de dezembro a 18 de janeiro.
Além desse grupo, que antes trabalhava no terceiro turno, que foi encerrado sem retorno previsto, a montadora tem 1,9 mil funcionários em lay-off (com contratos suspensos por até cinco meses) que eram do segundo turno. Na prática, hoje o grupo tem 2.350 excedentes.
Por falta de componentes para a produção, em especial semicondutores, a fábrica opera com apenas uma turma desde novembro. O pessoal que está afastado deverá retornar apenas quando o abastecimento de peças estiver mais regular, o que, por enquanto, não tem previsão de ocorrer.
A fábrica Anchieta emprega cerca de 7,8 mil trabalhadores e produz os modelos Polo, Virtus, Nivus e Saveiro. Para atrair voluntários ao PDV, a Volkswagen aumentou o valor da compensação extra a ser paga, proposta que foi aceita em assembleia realizada na tarde desta terça-feira, 14, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Segundo a entidade, antes a montadora oferecia no PDV entre 25 e 35 salários extras, dependendo do tempo de casa do trabalhador, e agora vai oferecer dez a mais – entre 35 a 45 salários. O índice para reposição salarial da próxima data-base dos metalúrgicos, em março de 2022, também mudou.
A inflação do período, medida pelo INPC, terá um desconto de 4,5%, sendo que 1,5% já estava previsto no acordo anterior. Já o acréscimo de 3% será direcionado ao pagamento do convênio médico. Atualmente esse porcentual é descontado mensalmente do trabalhador, mas com o desconto na data-base, será totalmente quitado pela empresa.
Falta de semicondutores reduz produção da Volkswagen
O presidente do sindicato, Wagner Santana, ressaltou que a crise dos semicondutores afeta a indústria automobilística mundial. “Os próximos meses serão extremamente críticos na Volks, tem parada na planta de Taubaté e aqui a produção diminuiu”, disse.
“O terceiro turno não tem perspectiva de retorno pelo menos até o segundo semestre de 2023 e, diante dessa situação, nosso papel como sindicato é nos antever aos problemas e tentar resolver de forma que dê alguma tranquilidade ao trabalhador”, acrescentou Santana. Os trabalhadores que permanecerem na empresa terão garantia de emprego até 2025, conforme previa o acordo anterior entre as partes.
Trabalhadores das outras três fábricas da Volkswagen também terão férias coletivas em períodos mais longos do que as concorrentes. A unidade de Taubaté, onde são feitos os modelos Gol e Voyage, vai parar entre o dia 23 deste mês e 18 de janeiro. A de São José dos Pinhais (PR), que faz o T-Cross, de 27 de dezembro a 17 de janeiro, e a de motores, em São Carlos, de 23 deste mês a 10 de janeiro. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)