Fiat vê alívio na falta de chips em 2022 e antecipa volta da produção

O Estado de S. Paulo

 

Mais otimista do que alguns dos concorrentes na indústria automobilística, o presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, avalia que, embora continuem, os problemas de escassez de semicondutores devem diminuir em 2022. Para ele, alguns sinais disso já podem ser observados neste fim de ano, e isso motivou uma antecipação do retorno de 900 dos 1,8 mil funcionários da Fiat na fábrica de Betim (MG).

 

Os trabalhadores estavam em licença desde outubro e só deveriam retornar ao trabalho a partir de janeiro. Segundo o executivo da empresa – que, além da Fiat, agrega as marcas Jeep, Peugeot e Citroën –, o restante da força de trabalho deve voltar nos próximos meses.

 

“Estamos enxergando uma gradual melhora (no abastecimento de chips) e, como a demanda por nossos produtos está robusta, trouxemos de volta esse pessoal, pois precisamos de produção”, diz Filosa. Ele afirma que o ano foi “recompensador” para o grupo, apesar das vezes em que a produção precisou ser reduzida na unidade mineira.

 

Padronização

 

Entre os avanços observados pelo executivo, ele cita que a Stellantis está trabalhando para padronizar os microchips usados em peças e sistemas dos automóveis de suas marcas. O motivo é uma proteção das flutuações de oferta desses itens.

 

Os efeitos desse desenvolvimento para os veículos fabricados no Brasil e na Argentina devem ser anunciados nas próximas semanas. Segundo Filosa, atualmente cada modelo utiliza diferentes tipos de semicondutores. A ideia é desenvolver componentes que usem microchips iguais em vários veículos, como por exemplo o compacto Mobi, o hatch Argo e o sedã Cronos.

 

“A estandardização vai gerar mais previsibilidade para nossos fornecedores e vai tornar nossas encomendas mais competitivas”, diz Filosa. Em parceria com a Foxconn, a Stellantis pretende criar uma família de chips que deve atender a mais de 80% das necessidades de microcontroladores da empresa, ajudando a simplificar a cadeia de abastecimento.

 

Outro anúncio global feito pelo grupo na terça-feira, e que também envolverá futuramente as operações na América do Sul, é um investimento de ¤ 30 bilhões até 2025 para desenvolver softwares que permitirão à empresa vender entretenimento, navegação e outros serviços para seus clientes. Também poderá promover atualizações remotas dos sistemas para que o carro fique sempre atualizado, independentemente da idade – serviço hoje já oferecido pela Tesla.

 

Liderança

 

Criado em janeiro, o grupo Stellantis conseguiu colocar a marca Fiat de volta no topo do mercado brasileiro, posto que havia perdido há cinco anos. A Strada encerra 2021 como o carro mais vendido no País, fato inédito para uma picape. O modelo ganhou neste ano uma versão com câmbio automático.

 

A companhia tem seis modelos entre os “top 10” do mercado. Os modelos Fiat Strada, Argo, Toro, Mobi e os Jeep Renegade e Compass somam vendas de 442,9 mil unidades. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)