AutoIndústria
O ano em que a indústria automobilística brasileira deixou, segundo a Anfavea, de produzir cerca de 300 mil veículos por conta da falta de componentes, terminará com a quase totalidade das linhas paradas já a partir do dia 20 de dezembro. O recesso do fim deste ano, contudo, não será nada muito fora do habitual para a maioria das montadoras, que pretendem no período equalizar a escassez de alguns insumos com necessárias manutenções em equipamentos e readequações das plantas.
Apesar de o fornecimento irregular ser global e a expectativa é de que esse quadro perdure pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2022, alguns fabricantes dizem que têm conseguido contornar esse gargalo e interromperão as atividades por pouco dias. A ideia, assim, é poder dar conta, o quanto antes, dos pedidos represados pela falta de produção ao longo dos últimos meses.
Parar então, apenas pelo mínimo necessário. É o caso da Caoa Chery, cujas plantas de Anápolis, GO, e Jacareí, SP, permanecerão inativas somente de 24 a 31 de dezembro, a semana entre o Natal e o reveillon, portanto. A montadora alega que há meses, assim que surgiram as primeiras informações da possível falta de insumos, tratou de encaminhar pedidos e se organizar para manter o ritmo produtivo atual.
Outro fabricante que não dará descanso maior para seus funcionários é a Toyota. A montadora informa que vem conseguindo contornar a falta de semicondutores e trabalhado em três turnos. Suas unidades paulistas de Indaiatuba e Sorocaba deixarão de produzir também por cinco dias somente: param em 27 de dezembro e retomam o trabalho em 3 de janeiro.
O Complexo Industrial Ayrton Senna da Renault em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, permanecerá sem atividade de 3 de janeiro, primeiro dia útil de 2022, até o dia 13 seguinte. A Honda programa parar de 27 de dezembro a 7 de janeiro, com retorno na segunda-feira, 10. O período vale para as unidades de Sumaré e Itirapina, ambas no interior paulista.
Dentre as maiores produtoras, a Volkswagen é a que terá o maior período de inatividade. Suas quatro fábricas permanecerão em recesso por cerca de três semanas. A primeira a parar será São Bernardo do Campo, SP, a partir de 20 de dezembro, com retorno previsto para 10 de janeiro.
Em 23 de dezembro será interrompida a produção de motores em São Carlos e a de automóveis em Taubaté, SP. A segunda retornará ao trabalho só em 18 de janeiro, oito dias depois de São Carlos. A planta de São José do Pinhais, PR, base produtiva do T-Cross, será a última a parar em 2021. As férias começam em 27 de dezembro e se encerram em 17 de janeiro.
“As fábricas já vinham operando em ritmo mais lento devido à falta de componentes”, admitiu Pablo Di Si, presidente da Volkswagen Brasil e América Latina, que revelou que nas últimas semanas a Volkswagen também deixou de montar veículos que ficariam inacabados até depois da virada do ano.
Na General Motors, a montadora que mais sofreu em 2021 com problemas de fornecimento de componentes, deficiência que custou à Chevrolet o primeiro e o segundo lugares no ranking das marcas mais vendidas — além de ver o Onix despencar nas vendas —, só mesmo a unidade de São Caetano do Sul, SP, terá um período maior de férias coletivas, de 20 de dezembro a 16 de janeiro.
Em Gravataí, RS, que também encerra atividades no dia 20, a volta já está prevista para o primeiro dia útil de 2022, mesma data estipulada para os trabalhadores da unidade de São José dos Campos, SP, mas que iniciam o descanso já na próxima segunda-feira, 13.
A planta Araquari do BMW Group, que atingiu mais de 10 mil unidades produzidas em 2021, 10% acima do volume previsto para o ano, concederá férias coletivas pelo maior prazo dentre todos os fabricantes de veículos. Os trabalhadores descansarão por 33 dias, entre 22 de dezembro de 2021 e 23 de janeiro de 2022.
Esse mais de um mês, contudo, não representará redução da oferta de automóveis nas revendas da marca, assegura a montadora: “Não há falta de componentes. A parada acontece para realocações internas de fornecedores locais e manutenção preventiva de equipamentos, em nada afetará o fornecimento de modelos para a rede de concessionárias”.
Já a Stellantis, líder do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves, com 32% de participação somando as vendas de Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM, afirma que ainda estuda se paralisará ou não suas fábricas de Betim, MG, Goiana, PE, e Porto Real, RJ, no começo ou fim do ano.
Caminhões e ônibus
Com o mercado crescendo perto de 50% em 2021 e pedidos em carteira, os fabricantes de caminhões concederão poucos dias de férias coletivas. A Volkswagen Caminhões e Ônibus, por exemplo, não trabalhar entre 22 de dezembro e 2 de janeiro. “Uma parada normal”, afirma. Já a Mercedes-Benz, maior montadora desses veículos, tem agendado recesso de dez dias corridos a partir de 27 de dezembro, primeiro dia útil após o Natal.
Na Volvo, a produção seguirá até 30 dezembro. As férias coletivas se estenderão então até o dia 16 de janeiro, mas, segundo a empresa, “apenas a pausa habitual para manutenção do parque fabril”. A Scania é a montadora de veículos pesados que permanecerá mais tempo sem produção. Concederá 18 dias de férias coletivas desde 27 de dezembro até 15 de janeiro. Mas o retorno ao trabalho mesmo só no dia 17, uma segunda-feira.
Outras duas fabricantes do segmento, Iveco e DAF, não responderam até o momento. O texto será atualizado assim que se manifestarem. (AutoIndústria)