O Estado de S. Paulo
Mesmo com montadoras ainda parando por falta de componentes eletrônicos, a produção de veículos do mês passado foi a maior do ano, alcançando 206 mil unidades, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
A alta na comparação com outubro foi de 15,1%, com o setor voltando a superar a marca de 200 mil veículos após oito meses.
Divulgado nesta segunda-feira, 6, pela Anfavea, entidade que representa as montadoras, o balanço mostra que, por outro lado, a produção na indústria automotiva segue aquém de anos anteriores. Em relação a novembro de 2020, houve queda de 13,5%, e o resultado foi o menor para o mês desde 2015.
Novembro, a exemplo do que acontece numa crescente desde fevereiro, foi mais um mês no qual o funcionamento de fábricas teve que ser interrompido por falta de peças, sobretudo componentes eletrônicos. Houve paradas na Honda (sete dias em Sumaré e dois em Itirapina) e nas fábricas da Volkswagen em São José dos Pinhais, por duas semanas, e Taubaté (cinco dias).
Além disso, a produção tanto da Volks no ABC paulista quanto da General Motors (GM) em São José dos Campos (SP) foi parcialmente suspensa, com redução de um turno, enquanto 1,8 mil trabalhadores do segundo turno da Fiat continuaram afastados da fábrica pelo segundo mês.
A Anfavea reforçou a expectativa de que cerca de 300 mil veículos deixarão de ser produzidos neste ano por falta de componentes eletrônicos, cuja irregularidade no abastecimento deve persistir durante o ano que vem. Porém, considera que, com a melhora dos volumes nos últimos dois meses, o ano caminha para fechar com resultados mais próximos do melhor cenário previsto em outubro, que apontava para alta de 10% da produção e de 3% do consumo de veículos no País. “Estamos mais próximos do cenário menos impactado”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da associação.
O total montado no acumulado desde janeiro chegou a 2,04 milhões, alta de 12,9%, mas a comparação é contra um ano que teve um mês a menos de produção, já que, por causa da chegada da pandemia, a indústria parou em abril de 2020.
As vendas de veículos, comprometidas por falta de carros nas concessionárias, somaram 173 mil unidades, incluindo todas as categorias, 23,1% a menos do que no penúltimo mês do ano passado.
Frente aos dois piores meses do ano – setembro e outubro, contra quem novembro marcou alta de 6,5% -, as vendas melhoraram, porém em patamar ainda distante dos últimos quatro anos, quando, a esta altura do calendário, a indústria fazia mais de 200 mil veículos.
Melhora no estoque
O aumento da produção permitiu uma melhora dos estoques na indústria de veículos, que fechou o mês passado com 103,8 mil unidades nos pátios de montadoras e concessionárias, volume suficiente para 18 dias de venda. No fim de outubro, os estoques, de 93,5 mil veículos, cobriam 16 dias.
Durante a apresentação do dado, Moraes disse que, apesar das dificuldades relacionadas à falta de componentes e gargalos logísticos, as montadoras conseguiram completar veículos que estavam parados nos pátios.
“Até que foi um bom mês”, disse. Moraes acrescentou que, parte do aumento da produção reforçou os estoques, mas essa é uma situação temporária. Dado o quadro de aperto na oferta, “provavelmente” os veículos já foram liberados para as concessionárias e clientes, observou o executivo.
Embarques
As exportações das montadoras tiveram queda no mês passado, quando os embarques somaram 28 mil veículos, 36,3% abaixo do mesmo período de 2020. Se comparado a outubro, a queda dos embarques, que têm a Argentina como principal destino, foi de 6%, levando o total exportado desde o início do ano para 334,8 mil. É um crescimento de 17,1% em relação ao mesmo período de 2020.
O balanço da Anfavea informa ainda que as montadoras de veículos fecharam 42 vagas de trabalho em novembro, empregando no fim do mês 102,6 mil pessoas. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)