O Estado de S. Paulo
Ainda com problemas de abastecimento de semicondutores, que se arrastam desde o início no ano, a indústria automobilística brasileira produziu 206 mil veículos em novembro. Ainda que o volume tenha sido 15,1% maior que o de outubro, é 13,5% inferior ao de um ano atrás, o pior resultado para o mês desde 2015.
Várias fábricas seguem reduzindo a produção por falta de componentes. O emprego se manteve estável, com 102,6 mil funcionários, segundo dados divulgados ontem pela Anfavea, associação das montadoras.
“Os estoques seguem, e temos muitos veículos incompletos nos pátios das fábricas, à espera de componentes eletrônicos”, afirma o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes. Segundo ele, mais da metade das fabricantes de automóveis tem carros aguardando a chegada de peças para serem concluídos.
Em razão disso, muitas empresas estão com dificuldade em agendar as tradicionais férias coletivas de fim de ano. A Renault, por exemplo, aguarda informações sobre a chegada de componentes para decidir.
A Stellantis, dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, também não definiu as datas. Já a Toyota dará folgas de apenas cinco dias úteis pois é uma das poucas que estão ampliando a produção. A Caoa/Chery deve fazer o mesmo.
Nos 11 meses do ano, a produção chegou a 2 milhões de unidades, 12,9% a mais que em 2020. Moraes acredita que o ano deve se encerrar com produção total (incluindo caminhões e ônibus) próxima de 2,2 milhões de unidades, 10% acima do resultado de 2020. O setor iniciou o ano com projeção de crescimento de 25%.
Perda
A Anfavea calcula que 300 mil veículos deixarão de ser produzidos neste ano por falta de chips e por problemas de logística, como falta de contêineres e atrasos de navios tanto para entrega de itens importados como para exportação.
“Os desafios de desabastecimento e de logística devem se manter por todo o ano de 2022 e se normalizar somente a partir de 2023”, afirma Moraes, previsão compartilhada por fabricantes de todo o mundo.
A consultoria internacional BCG prevê para este ano perda global de 10 a 12 milhões de veículos, e de 5 milhões em 2022. Com base nesse dado, a Anfavea calcula que no Brasil mais de 150 mil unidades deixarão de ser produzidas em razão de escassez de componentes. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)
Produção de caminhões apura o melhor acumulado desde 2013
AutoIndústria
A produção de caminhões encerrou os onze meses primeiros meses do ano com pouco mais de 146,4 mil unidades, volume 82% maior em relação ao registrado um ano antes, de 80,4 mil. Com o desempenho, o nível de atividade se apresenta como o melhor desde 2013.
“Apesar das dificuldades pela falta de componentes, o segmento de caminhão mantém trajetória de recuperação desde o segundo semestre do ano passado”, avaliou Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, durante apresentação do balanço do setor automotivo na segunda-feira, 6. “Demandas do agronegócio, mineração, construção e e-commerce foram os principais motores da retomada.”
Apenas em novembro, saíram das linhas de montagem 14,3 mil caminhões, altas de 4,7% em relação a outubro (13,7 mil) e de 25,3% no conforto com o mesmo mês do ano passado, de 11,4 mil unidades. Segundo os dados da Anfavea, o resultado foi o melhor para o mês desde 2013.
De acordo com Bonini, a demanda por caminhões deverá continuar aquecida em 2022, o que refletirá nas atividades do chão de fábrica. “Ainda não temos um cenário para o ano que vem. Mas há fatores positivos, como a estimativa da Conab de mais um crescimento na safra. O aumento da inflação e dos juros, a revisão do PIB para baixo e a falta de componentes são, porém, os elementos que trazem muitas incertezas.”
Ônibus
A mais afetada pelo impacto da pandemia do setor automotivo, a produção de ônibus ganhou ritmo em novembro com crescimento de 21,4% sobre outubro com 1,5 mil chassis produzidos. O volume, no entanto, foi 7,5% inferior ao de novembro de 2020, quando a indústria construiu 1,7 mil chassis.
Segundo o vice-presidente da Anfavea, o número do mês já reflete o retorno dos ônibus destinado ao Caminho da Escola na produção. “A partir do ano que e, ao longo dele, o programa reforçará as atividades das fábricas.”
No acumulado de janeiro a novembro, o volume produzido de chassi somou 17,4 unidades, volume estável em relação ao mesmo período do ano passado, com ligeira alta de 0,3%. (AutoIndústria/Décio Costa)