O Estado de S. Paulo
Após um ano de crescimento, os bancos de montadoras esperam manter a trajetória em 2022. A estimativa ainda não foi fechada, mas a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) acredita que, caso a produção afetada pela crise dos chips comece a se normalizar, haverá demanda reprimida a atender.
Em setembro, os financiamentos para compra de veículos superaram os R$ 321 bilhões, 19,3% a mais que no mesmo período do ano passado. Além de os consumidores terem voltado às concessionárias, a inflação cumpriu seu papel: o preço dos carros disparou e impulsionou essa alta.
A estrada para o ano que vem, porém, é esburacada. Em novembro, as vendas foram as piores para o mês em 16 anos. Caíram mais de 23% em termos anuais. A falta de chips continuou como vilã do setor, obrigando fábricas a ficarem parcialmente paradas. Com isso, os financiamentos a veículos usados, que são de maior risco para os bancos, ganharam relevância.
O crescimento da carteira dos bancos de montadoras tem se dado pela volta do consumidor às concessionárias, fruto da desaceleração da pandemia. Mas também escancara a escalada dos preços de automóveis no último ano – de 12,8% nos novos e 14,7% nos usados, segundo o IBGE. Para especialistas, os valores devem se manter.
Se de fato ocorrer, a normalização da produção deve mudar o mix de carros vendidos, com recuperação na produção de veículos mais baratos. Isso é bom para os bancos: Paulo Noman, presidente da Anef, afirma que os veículos mais caros muitas vezes são pagos à vista, porque têm compradores de maior poder aquisitivo. O que pode explicar o fato de que, no terceiro trimestre, quase metade (48%) dos modelos vendidos no País terem sido pagos à vista, acima da média histórica. (O Estado de S. Paulo/Matheus Piovesana)