O Estado de S. Paulo
A Williams Race comunicou ontem a morte de Frank Williams, aos 79 anos. Empresário e chefe da equipe da Grove, o inglês era considerado uma lenda da Fórmula 1. Em 2019, ele completou a marca de 50 anos exercendo o cargo de comando na categoria. “É com grande tristeza que, em nome da família Williams, a equipe confirma a morte de Sir Frank Williams, fundador e ex-chefe de equipe da Williams Racing, aos 79 anos de idade”, publicou a escuderia nas redes.
Frank Williams era respeitado por todos. Viveu a F-1 mais do que qualquer outro. Era sua paixão. Estava em seus olhos.
Com nove títulos de Construtores e sete de Pilotos, um deles com Nelson Piquet, em 1987, a equipe fundada pelo britânico fez história na F-1. Ele e sua família estiveram no comando da escuderia até agosto deste ano, quando ela foi vendida para o grupo de investimentos Dorilton Capital.
Sua filha, Claire, trabalhava como representante da família e comandava o time desde 2013. Mais tarde, foi nomeada vice-chefe, mas o título principal sempre permaneceu com Sir Frank, que enfrentava problemas de saúde desde 2016, ano em que foi internado por causa de um pneumonia. Desde então, parou de viajar.
“Ele foi um verdadeiro gigante do nosso esporte. Superou os desafios mais difíceis da vida e lutou todos os dias para vencer dentro e fora das pistas. Suas incríveis conquistas e personalidade ficarão gravadas em nosso esporte para sempre. Meus pensamentos estão com a família e amigos neste momento triste”, lamentou Stefano Domenicalli, presidente e CEO da F-1.
F-1 era sua vida
Com uma vida dedicada ao automobilismo, Frank chegou a ser piloto e mecânico, mas foi como dirigente que contribuiu de forma decisiva para o crescimento da modalidade. Sob o seu comando, a Williams tornou-se uma das escuderias mais vitoriosas da F-1. Foram 114 vitórias.
Frank era o único remanescente dos tempos em que a F-1 era formada pelos chamados “garagistas”, pessoas apaixonadas por corridas que apostaram em equipes caseiras sem a estrutura das grandes montadoras na década de 1970.
Em 1977, fundou a Williams, tornou-se o chefe mais longevo da categoria, onde esteve no comando até 2013, quando passou o bastão para a filha.
Um dos dirigentes mais icônicos da categoria, o britânico teve relação direta com o automobilismo brasileiro. Dos sete Mundiais de Pilotos que ele arrebatou, o de 1987 teve Nelson Piquet como campeão.
Além do tricampeão mundial, outros brasileiros também correram sob o seu comando. Morto em 1994, Ayrton Senna disputou três provas daquele ano até a morte no GP de San Marino. Antonio Pizzonia (2004/05), Rubens Barrichello (2010/11), Bruno Senna (2012) e Felipe Massa (2014 a 2017) correram na Williams. Antes disso, em 1972, trabalhou com outro brasileiro, José Carlos Pace, pela Frank Williams Racing Cars.
O momento mais dramático ocorreu em 1986, quando sofreu um acidente na França e teve lesão na coluna. Tetraplégico, passou a se locomover em uma cadeira rodas. (O Estado de S. Paulo)