Governo revisa o PIB e vê inflação mais alta

O Estado de S. Paulo

 

O Ministério da Economia reduziu suas estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste e no próximo ano – ainda assim, elas estão mais otimistas do que as previsões do mercado. A pasta também revisou para cima sua projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial do País, para este ano.

 

De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta de preços neste ano passou de 7,90% para 9,70%. Para 2022, a projeção passou de 3,75% para 4,70%.

 

No mais recente relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 9,77% em 2021 e de 4,79% em 2022.

 

O Ministério da Economia também atualizou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – utilizado para a correção do salário-mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano passou de 8,40% para 10,04%. Para 2022, a projeção passou de 3,80% para 4,25%.

 

A estimativa para a alta do IGP-DI em 2021 passou de 18,00% para 18,66%. Para o próximo ano, a projeção passou de 4,70% para 5,42%.

 

Diferença nas projeções 

 

O ministério atualizou sua estimativa para a recuperação da economia em 2021, de avanço de 5,30% para alta de 5,10% no PIB, enquanto o mercado segue reduzindo ainda mais suas projeções para a evolução da atividade neste e no próximo ano. No último relatório Focus, os analistas de mercado estimaram uma alta de 4,88% para o PIB de 2021. Para 2022, a estimativa no Focus é de alta de 0,93%.

 

De acordo com o Boletim Macrofiscal, a perspectiva de crescimento em 2021 se apoia no bom carregamento estatístico de 2020, na taxa de poupança elevada, na rápida recuperação do investimento, no mercado de crédito robusto e na recuperação dos serviços, especialmente prestados às famílias. O documento, por outro lado, cita riscos, como a histórica crise hídrica e uma eventual piora da pandemia de covid-19. Como antecipou o Estadão, o ministério manteve a projeção para o crescimento da economia em 2022 acima de 2%, indo na contramão das estimativas do mercado: a estimativa da SPE passou de alta de 2,50% para 2,10%. A pasta manteve ainda as projeções de crescimento da economia de 2023, 2024 e 2025 – todas em 2,50%.

 

Bancos

 

Na sexta-feira, bancos revisaram as projeções para o PIB de 2022 após resultados negativos da economia. O JP Morgan prevê que o PIB vai ficar estável. O Haitong estima queda de 0,3% e o Credit Suisse, de 0,5%. A economista-chefe do Credit Suisse no País, Solange Srour, disse ao Estadão que a alta dos juros e a perspectiva de inflação alta, além da mudança do teto de gastos, levaram o banco a revisar os números.

 

Mercado de trabalho

 

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, reconheceu ontem que o crescimento da economia no governo Jair Bolsonaro é menor do que outros períodos, mas é mais positivo do que o resto do mundo.

 

“Quando se leva cenário externo em consideração, estamos obtendo resultados importantes”, disse, citando um crescimento previsto de 0,75% no Brasil entre 2019 e 2021, ante 0,60% dos países avançados e queda de 0,85% na América Latina. Sachsida ainda afirmou que mais importante do que o número do crescimento é a qualidade. “Insistimos em agendas estruturais que garantam crescimento de longo prazo”, disse. “A força de retomada do mercado de trabalho me parece suficiente para crescimento acima de 2% no ano que vem”. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos)