Startup quer vender “experiência” de conduzir um veículo elétrico

O Estado de S. Paulo

 

Fundador da Webmotors, do iCarros, da zFLOW e investidor em pelo menos 15 startups, o empresário Sylvio Barros inicia nova empreitada. Recentemente, ele criou uma espécie de clube de assinatura para testar veículos elétricos, de patinetes e bicicletas ao Tesla Model X, o modelo mais sofisticado da marca.

 

O clube já tem 300 associados que, em vez de pagarem uma mensalidade para ter acesso ou descontos a produtos variados, se tornam investidores da empresa, a zMatch. O valor mínimo para se associar é de R$ 55 mil. Em troca, o sócio terá direito a ações da startup, quando o negócio for rentável.

 

Até lá, o associado tem direito a ficar por alguns dias com um Model X, daqueles com portas tipo asas de gaivota, patinetes e, em breve, bicicletas elétricas. A zMatch foi lançada em 1.º de junho em um manifesto publicado no Instagram.

 

No dia seguinte, Barros criou um grupo no WhatsApp, inicialmente com 30 pessoas, que logo passou para 50 e, depois, 250, para apresentar seu projeto. “Em 48 horas, captamos R$ 50 milhões, quase tudo com pessoas conhecidas”, diz.

 

Com parte do dinheiro, foram adquiridos dois Model X – com preços na casa do R$ 1 milhão – e 50 patinetes de uma empresa alemã que tem sua linha de produção na China. O próximo passo é uma frota de bicicletas elétricas e, depois, de motocicletas e scooters.

 

“Funcionamos como uma plataforma que vai gerar a experiência do veículo elétrico, pois acreditamos que a melhor forma de criar uma cultura de mobilidade elétrica urbana entre os consumidores brasileiros é gerar experimentação”, afirma Barros.

 

Pilotos

 

Boa parte dos sócios do clube zMatch são “garotos-propaganda da empresa”, entre eles os pilotos Luca Di Grassi, Felipe Massa e Rubens Barrichello. “São eles que estão reverberando a plataforma.”

 

Barros explica que, por enquanto, a plataforma é um negócio fechado, em que associados convidam outros participantes. A ideia, diz ele, é fazer testes com um grupo até que a empresa esteja totalmente pronta para chegar aos consumidores em geral.

 

Nessa fase, a zMatch atuará principalmente com a locação da frota que será ampliada com veículos de empresas terceirizadas. Também está fazendo parceria com uma montadora que vai ceder carros elétricos em comodato.

 

O empresário diz não querer correr riscos de deixar o usuário na mão, por exemplo, por falta de infraestrutura. “Eu mesmo fiquei parado com o Tesla porque não havia local próximo para reabastecer a bateria, e o carro teve de ser guinchado”, conta ele, que também não quer repetir o fracasso da tentativa de uso de patinetes em São Paulo.

 

Um dos investidores na empresa de bicicletas Yellow e patinetes Grin – que em 2020 entrou com pedido de recuperação judicial –, Barros diz que o projeto não se preocupou com legislação, com segurança nem em adaptar culturalmente o consumidor a esse tipo de veículo. “Agora, queremos fazer uma escalada de forma responsável”, afirma ele, que tem como sócia no projeto Renata Porto, ex-WPP, maior agência de publicidade do mundo.

 

Captação

 

Além dos R$ 50 milhões obtidos com os associados, a zMatch fez um aporte de R$ 500 milhões na zFlow para os próximos cinco anos. A zFlow é o que Barros chama de “braço de tecnologia” do grupo. Ela atua com compra, venda, avaliação e financiamento de veículos usados pelo e-commerce e tem sob seu guardachuva a 77Sol, empresa que instala placas solares por todo o Brasil.

 

Até o fim deste ano, a startup terá 30 estações de recarga de baterias em shoppings, condomínios e redes de estacionamentos. Barros acredita que em meados de 2022 a zMatch estará pronta para atender os consumidores em geral.

 

O sistema de locação será o de ponto a ponto, em que o cliente pega o veículo em um local estabelecido e o devolve em outro também demarcado. Outra parceria em andamento é com uma empresa de telecomunicação para poder oferecer a tecnologia 5G. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)