Diário do Grande ABC
Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e Agência de Desenvolvimento Econômico marcaram para o dia 8 início de debates a respeito do futuro da economia automotiva da região. Pilar econômico das sete cidades, o setor passa por crise e transformação e, na visão das duas entidades, é preciso entender os rumos da área para que os municípios não percam o acompanhamento das alterações e vejam quedas bruscas de receitas tributárias.
A discussão inaugural terá, além dos representantes do Consórcio e da Agência, como prefeitos e secretários, integrantes da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e dirigentes das montadoras. O Grande ABC conta com cinco fábricas de veículos: Volkswagen, Scania, Mercedes-Benz, Toyota e GM (General Motors). Até 2019, a Ford também estava situada na região – fechou a planta histórica do bairro do Taboão.
“Precisamos desse prognóstico das montadoras e do futuro da região. O Aroaldo (Oliveira da Silva, presidente da Agência) fala bastante sobre o caminho da eletromobilidade, é quase um mantra que tem, porque ele diz que em dez anos a cadeia automotiva tem de estar adequada às novas tecnologias. Eu, particularmente, creio que esse caminho é mais longo a ser percorrido. Mas é preciso debater”, comentou o secretário executivo do Consórcio, Acácio Miranda.
A eletromobilidade é um conceito de redução de emissão de carbono e de combustíveis fósseis em veículos automotores pelo planeta diante da crise de produção do petróleo. No Brasil, ainda engatinham políticas de valorização de carros movidos a eletricidade ou de automóveis híbridos (que misturam combustível tradicional com o de fonte limpa). Em outros lugares do mundo, entretanto, esse debate está mais avançado.
O ponto para o Grande ABC, segundo Aroaldo, é o fato de as receitas tributárias estarem muito vinculadas às montadoras e a cadeira instalada a partir dessas multinacionais. “Essa discussão depende de ajuda do poder público. Porque temos de discutir o futuro da indústria. Na nossa região, esse setor é altamente importante, responsável diretamente por 25% do nosso PIB (Produto Interno Bruto). Qualquer processo de desindustrialização faz o Grande ABC sentir mais. E esse percentual do PIB é de forma direta, sem contar o setor de serviços alimentado a partir da indústria”, citou. Em 2020, as sete cidades geraram R$ 126,5 bilhões de riqueza – na comparação com a produção nacional, esse volume vem perdendo força nas duas últimas décadas.
Outro assunto que vai nortear essa reunião é o programa Pró-Ferramentaria. Empresas do Grande ABC têm saldo de R$ 6 bilhões em créditos de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) retidos no governo do Estado – o Palácio dos Bandeirantes já comunicou sobre o valor e, conforme Acácio e Aroaldo, aguarda por propostas de investimento desse aporte em projetos a São Paulo.
“A ferramentaria é um setor importante para a indústria automotiva também. Esse recurso está disponível e precisa ser utilizado”, comentou Aroaldo, que é dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “As empresas do ramo querem ajuda da Agência e do Consórcio para resgatar esses créditos. Vamos criar mecanismos para isso”. (Diário do Grande ABC/Raphael Rocha)