O Estado de S. Paulo
Atenta ao boom de commodities que está destravando projetos na área de mineração, a Mercedes-Benz apresentou hoje o Arocs, caminhão para uso em operações severas em minas. A estreia oficial do modelo, que estava em testes por mineradoras há três anos, ocorre com 200 unidades já encomendadas e que serão entregues até o fim de dezembro.
O caminhão extrapesado também será exportado para países da América do Sul, principalmente aqueles com vocação para a mineração. Outros mercados, como África do Sul e Índia, também estão no radar da companhia.
A produção do modelo na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, exigiu investimentos de R$ 300 milhões em mudanças na linha de montagem e nas adaptações do veículo ao mercado brasileiro. A cabine é feita na unidade de Juiz de Fora (MG), com várias tecnologias, como câmbio automatizado (sem pedal de embreagem), equipamento desenvolvido no Brasil para veículos de uso fora de estrada.
O Arocs está à venda há vários anos na Europa, mas teve várias modificações para atuar na atividade de mineração no País. A maioria delas foi sugerida por empresas que são referência no setor de mineração, como a CSN, que desde 2019 utilizava o veículo para sugerir mudanças necessárias para atender melhor o mercado local.
Além do trabalho em minas, o Arocs atende também os segmentos de construção civil pesada e grandes obras de infraestrutura, outra área que deve crescer nos próximos anos.
“Com muita força e muita robustez, o Arocs foi projetado para suportar situações extremas de operação, caracterizadas por topografias exigentes e rotas desafiadoras”, informa Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing Mercedes-Benz. O extrapesado tem capacidade para 44 toneladas líquidas de carga e custa cerca de R$ 1,1 milhão.
Leoncini afirma que o lançamento do caminhão extrapesado “coincide, por sorte, com o grande momento atual” de os preços dos minerais em ascensão, o que tem levado empresas a desengavetarem projetos de mineração principalmente na Bahia e no Mato Grosso.
Segundo ele, o segmento vende em média 600 caminhões por ano e, em 2022, o volume pode ultrapassar mil unidades. A Mercedes-Benz atuou nesse mercado até 2 anos atrás com uma versão alemã do modelo Actros 4844, que foi descontinuada por oferecer as características demandadas pelas empresas, embora representasse mais de 30% das vendas locais.
Nesse intervalo de tempo, enquanto fazia as adaptações necessários no Arocs europeu, a marca oferecia aos clientes outra versão local do Actros. “Agora, mais que um caminhão, vamos entregar um pacote de soluções”, afirma Silvio Renan, diretor de Peças e Serviços da Mercedes.
Uma mini concessionária dentro da mina
Segundo ele, a montadora irá oferecer aos clientes a possibilidade de ter uma estrutura de peças e serviços do concessionário próximo ao local os caminhões vão operar, essencial em locais afastados, típicos da mineração. Também há a alternativa de oficina ou mecânico da marca dedicado às instalações do cliente.
“Nesse serviço poderá ser utilizada a ferramenta dos óculos de realidade virtual, assim o especialista do concessionário pode contar com consultoria online da fábrica para prestação de serviço mais assertiva e em tempo real”, explica Renan.
De acordo com o executivo, os custos de manutenção do novo caminhão são inferiores aos dos concorrentes (Scania e Volvo). O intervalo para a manutenção, por exemplo, dobrou para mil horas de operação, o que reduz também em 22% o tempo de paradas preventivas no ciclo de operação desse tipo de veículo. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)