Vizinha do rio, indústria investe em alternativas

Jornal do Comércio

 

Há quase 50 anos, a proximidade do Rio Gravataí foi um dos elementos de infraestrutura que norteou o início das operações do Distrito Industrial de Gravataí.

 

A partir de uma das margens do manancial, hoje pelo menos 48 empresas atuam no distrito. Com a deterioração acelerada do rio, captar, tratar e devolver a água tratada se tornou um processo caro e, em se tratando do Rio Gravataí, muitas vezes insuficiente, como observa o diretor de marketing da Dana, Luís Pedro Ferreira.

 

“A água que captávamos precisava passar por todo um tratamento antes de ser usada nos nossos processos. Decidimos não depender mais disso e ainda ajudarmos na recuperação do rio.

 

Agora, com essa possibilidade de universalização do saneamento, tenho certeza que toda a economia da região vai ganhar”, conta.

 

A empresa instalada há 43 anos na cidade tem 1.200 funcionários no seu complexo e, há mais de 10 anos, não retira água diretamente do rio, mas consome a partir da Corsan. A inovação é que também não a devolve in natura, depois da sua estação de tratamento de efluentes.

 

Foi implantado o modelo Zero Efluentes. Depois de filtrados os materiais resultantes da produção, a maior parte da água é reutilizada e efluente não prejudicial ao solo é usado como fertilizante na área verde mantida pela empresa, com um processo de fertirrigação.

 

Significa que a água está sendo devolvida através do solo para o lençol freático do Rio Gravataí. A iniciativa é premiada como uma das cinco principais ações sustentáveis da indústria brasileira.

 

“Ao invés de jogarmos a água pura para o rio, e ela servir somente para filtrar poluentes que são lançados sem controle por outros usuários, estamos alimentando o aquífero. Hoje, a reutilização de água na produção é de quase 100%, e a nossa ideia é inspirar outras empresas, inclusive as dedicadas ao saneamento, a fazerem o mesmo. Porque o esgoto pode ser uma fonte de energia na nossa região, e não só poluição e lixo”, avalia Ferreira.

 

De acordo com o diretor, houve economia nesta mudança, mas, segundo ele, o princípio, e não o corte de custos, foi o que mais contou.

 

“Hoje a água que consumimos é tratada pela Corsan, mas é usada basicamente para abastecer as pessoas que trabalham aqui. Para o resfriamento de peças e usinagem, temos um sistema fechado de reutilização”, explica. (Jornal do Comércio)