Jornal do Carro
É o fim. Após encerrar a produção da Troller no Brasil em setembro deste ano, estão circulando na internet imagens do que seria o último Troller T4 feito na fábrica de Horizonte, no Ceará. Com isso, a marca de jipes 4×4 está encerrada pela Ford, que continua com a sua reestruturação em território brasileiro, agora apenas como importadora.
O exemplar que aparece nas imagens é o TX4, versão automática do T4. A unidade está à venda em uma concessionária do Rio Grande do Norte, em Natal, que alega ter recebido o último modelo de fábrica. O valor? Nada menos que R$ 299 mil, de acordo com fotos tiradas da etiqueta que acompanha o veículo.
De fato, é um valor elevado visto que, em outras lojas que ainda possuem o modelo em estoque, o preço fica em R$ 280 mil. Contudo, segundo especulações, o valor acima seria justificado por ser o último modelo da linha. Na imagem postada, é possível notar os funcionários da fábrica ao lado da versão com pintura azul e branca.
T4 Connect é o último no site
Para efeito de comparação, no site da Troller, há apenas um modelo no catálogo. Trata-se da versão Connect, lançada no fim de maio com preço de quase R$ 207 mil. Contudo, o modelo 2021 com motor 3.2 diesel está disponível com preço de R$ 198.400.
Vale lembrar que a mecânica, tanto do T4 (manual) quanto do TX4 (automático), traz o motor 3.2 litros turbo diesel de cinco cilindros, que é capaz de desenvolver 200 cv de potência, bem como um torque robusto de 47,9 mkgf. O jipão herda, portanto, a mecânica da picape Ranger, que é o modelo mais vendido da Ford no Brasil em 2021 – após a aposentadoria forçada da linha Ka e do SUV EcoSport.
Atividades continuam
No site da Troller, o comunicado oficial enfatiza que a marca continuará com a assistência aos clientes do jipe 4×4. ”A rede de concessionárias não sofrerá nenhuma mudança e continuará a operar normalmente no Brasil. Mudanças futuras serão comunicadas com antecedência, com total transparência”, esclarece a fabricante.
A expectativa, segundo informado pela Ford, é de que a fábrica de Horizonte, Ceará, continue em atividade até novembro. ”A Ford continuará ativamente presente no Brasil, honrando todas as garantias e oferecendo um portfólio de vendas, serviços e peças de reposição para todos os clientes, incluindo os clientes da Troller”, diz a montadora.
A Ford anunciou o encerramento da produção dos jipes da Troller em janeiro deste ano. Inicialmente, a montadora norte-americana estava em negociação – mediada pelo Governo do Ceará – para vender a fábrica e os domínios da marca. Contudo, em agosto, a Ford decidiu não dar continuidade às negociações e não venderá a Troller.
Quem não gostou nenhum pouco da decisão foi o Governo do Ceará. Em nota, o Secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), o engenheiro Maia Júnior, criticou a decisão da norte-americana. Ele se disse surpreso, já que as negociações para a venda da Troller estavam avançadas e caminhavam para um acerto.
”A Ford informou que a decisão corporativa foi de seguir com a venda da Troller sem negociar a marca e o design dos produtos. Ou seja, diferentemente do que foi dito em janeiro deste ano”, criticou a Sedet. A mediação foi uma tentativa do governo cearense de preservar os empregos dos funcionários da fábrica, o que, portanto, não vai acontecer.
Uma marca brasileira
Fundada em 1997, a Troller rapidamente se destacou no mercado com modelos durões no 4×4 de estilo autêntico, como a picape Pantanal, feita entre 2006 e 2007. Foi neste último ano que a montadora cearense, então, foi comprada pela Ford, por um valor de R$ 400 milhões. Desde então, a marca do oval azul atualizou o T4, que passou a usar componentes de seus modelos, como, por exemplo, o EcoSport.
Primeiramente, esperava-se que, além da fábrica de Horizonte, a Ford fosse negociar os direitos de uso da marca Troller por algum tempo – até que a nova direção pudesse desenvolver uma nova plataforma para os carros. Entretanto, a cúpula da montadora nos EUA decidiu por não ceder as patentes. Hoje, a fábrica de Horizonte tem 400 funcionários e vai encerrar de vez as atividades até o final do ano. (Jornal do Carro/Jady Peroni)