Toyota prepara venda ao país de SUV pequeno

O Estado de S. Paulo

 

A Toyota se prepara para produzir e vender no Brasil o SUV compacto Raize. O modelo, que disputará mercado com o recém-lançado Caoa Chery Tiggo 3x, o Fiat Pulse (leia mais na próxima página) e o próximo Citroën C3, deve ser lançado no País entre 2022 e 2023. O novo carro será uma espécie de versão menor do Corolla Cross, primeiro utilitário-esportivo da marca feito na fábrica de Sorocaba, no interior de São Paulo.

 

A estratégia está totalmente alinhada com as tendências do mercado. Neste ano, 41% dos automóveis vendidos no País são SUVS. E há cada vez mais modelos compactos disputando o interesse dos consumidores.

 

O Raize é a versão da Toyota para o Rocky, um novo modelo da Daihatsu – marca de entrada do grupo japonês –, que foi lançado em 2019. Aliás, a divisão focada em veículos pequenos e mais acessíveis é velha conhecida no País. Em meados de 1990, foram importados vários modelos, como o Terios (jipinho), o Charade (hatch e sedã) e o Cuore – confira no texto abaixo.

 

O Toyota Raize é feito sobre a plataforma DNGA (Daihatsu New Global Architecture) que, por sua vez, é uma versão simplificada da TNGA (Toyota New Global Architecture). Essa base é utilizada por modelos da Toyota, como o Corolla (sedã e SUV) feito no Brasil, bem como o japonês Prius, entre outros.

 

Fim do Yaris

 

Para abrir espaço para a fabricação do Raize na planta do interior paulista, a Toyota deve encerrar a produção do Yaris. A linha, que tem preço inicial de R$ 85.790, nunca foi exatamente um sucesso de vendas. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, por exemplo, o hatch está na 24ª posição do ranking e emplacamentos de automóveis. Já o sedã está na 32ª colocação.

 

Assim, no Brasil o novo SUV deverá manter a atual base mecânica da linha Yaris. Ou seja, motor 1.5 de quatro cilindros flexível que gera até 110 cv de potência. Bem como o câmbio automático do tipo CVT que simula sete velocidades.

 

Além disso, o modelo nacional terá versão híbrida. Nesse caso, deverá utilizar o mesmo conjunto do Corolla. Trata-se do motor 1.8 flexível de 101 cv e do elétrico de 72 cv.

 

No Japão, o Raize é vendido com motor 1.0 a gasolina. O três-cilindros com cabeçote de 12 válvulas e turbo gera 98 cv. O câmbio á automático CVT.

 

No visual, as linhas do SUV lembram bastante as do Corolla Cross, sobretudo na dianteira. Porém, proporcionalmente o compacto da Toyota tem centro de gravidade mais alto.

 

Além disso, há vários elementos pensados para dar um aspecto mais robusto ao SUV. É o caso dos apliques plásticos pretos nos arcos das rodas, nas laterais, sob as portas e na base do para-choque dianteiro, que se parece com um quebra-mato.

 

Curiosamente, não há rack de teto – ao menos na versão vendida no exterior. Entre os destaques, há luzes de LEDS de uso diurno e o desenho da grade é do tipo colmeia.

 

A carroceria tem 3,99 metros de comprimento, 1,69 m de largura e 1,62 m de altura. Esas dimensões são similares às de um hatch compacto. Para comparação, um Volkswagen Polo, por exemplo, tem, respectivamente, 4,06 m, 1,75 m e 1,47 m.

 

No caso da distância entre os eixos, o Toyota tem 2,52 m, ante 2,57 m do VW. Segundo informações da marca japonesa, o SUV pode levar cinco pessoas. No Brasil, o Raize deverá ter ampla lista de equipamentos.

 

É o caso do ar-condicionado com ajuste digital e da central multimídia com tela flutuante. Além disso, o quadro de instrumentos será 100% digital e poderá ser configurado de acordo com o gosto do consumidor.

 

Projeto

 

A informação sobre a produção do SUV no Brasil foi antecipada pelo Jornal do Carro em outubro de 2017. Na época, o então CEO da Toyota para a América Latina, Steve St. Angelo, fez questão de dizer que havia gostado muito do DN Trec. A afirmação foi feita durante o Salão de Tóquio, onde o protótipo que deu origem ao Daihatsu Rocky estava sendo revelado.

 

O executivo afirmou que havia boa chance de o carro ser vendido no País. Porém, segundo ele, isso só ocorreria se o SUV tivesse a marca Toyota.

 

Em setembro de 2019, a empresa divulgou que faria investimentos de R$ 1 bilhão na fábrica de Sorocaba. Parte desse aporte é justamente para viabilizar a produção do SUV compacto.

 

A Toyota chegou a estudar a vinda do CH-R ao País, mas desistiu por causa dos altos custos. Além disso, o SUV, que utiliza uma versão encurtada da plataforma TNGA, não atendia as necessidades do consumidor brasileiro em relação ao espaço na cabine e no porta-malas.

 

Por sua vez, a base do Raize permite a produção de carros com variações no comprimento, entre-eixos e altura. O único ponto fixo é a posição do sistema de direção. (O Estado de S. Paulo/Vagner Aquino e Tião Oliveira)