O Estado de S. Paulo
A indústria automobilística se prepara para um fim de ano de baixa produção e fábricas fechadas, numa sequência do cenário visto ao longo de 2021 e que deve frustrar a expectativa de alta de 22% na produção neste ano.
Até agora, a maioria das empresas adotou períodos de férias coletivas, antecipação de feriados e folgas aos funcionários para driblar a falta de componentes, especialmente de semicondutores.
Para o fim do ano, contudo, a opção voltou a ser o lay-off (suspensão de contratos de trabalho), que permite períodos mais longos de dispensas. Também estão nos acordos com os funcionários programas de demissão voluntária (PDV) e redução de jornada e salários.
Dona da Fiat, a Stellantis vai colocar em lay-off 1,8 mil funcionários da unidade de Betim (MG) por três meses a partir de segunda-feira. A empresa tem feito paralisações parciais em linhas de produtos por prazos de dez dias.
Na fábrica mineira trabalham 13 mil pessoas, incluindo pessoal administrativo, e são produzidos seis veículos, entre os quais a Strada, o Argo e o Mobi, que estão entre os quatro modelos mais vendidos neste ano. Também acabou de entrar em linha recentemente o Pulse, primeiro SUV da marca produzido no País e com lançamento marcado para 19 de outubro.
A Renault abriu hoje um PDV para 250 funcionários da fábrica de São José dos Pinhais (PR) e vai colocar outros 300 em lay-off inicialmente por cinco meses. O complexo emprega 6.450 trabalhadores, cerca de 5 mil deles na área de produção.
Na Volkswagen, a produção em São Bernardo do Campo (SP) está suspensa desde a última segunda-feira, com retorno previsto para o dia 7. A empresa já avalia colocar trabalhadores de um turno em lay-off a partir de novembro. A montadora informa que, no momento, a medida de flexibilização adotada são férias coletivas – também em vigor na unidade de Taubaté para um turno de trabalho.
A Renault informa que as medidas foram aprovadas ontem em assembleia dos trabalhadores e são resultado dos “impactos provocados pela covid-19 na fabricação de componentes eletrônicos e da falta de perspectiva de melhora do cenário global”. Redução de jornada e salários também está no pacote. A Fiat afirma que o lay-off “é decorrência do impacto da crise sanitária e de suas consequências sobre a economia”.
Em julho, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projetou para este ano a produção de 2,46 milhões de veículos, 22% a mais que em 2020. Até agosto foram fabricados 1,47 milhão de unidades e a previsão da entidade não deve se confirmar. O setor emprega 103 mil funcionários, quase o mesmo número de igual período do ano passado. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)