AutoIndústria
Poderia até ser pela idade, visto que o símbolo básico, com uma pequena alteração no meio do caminho, completa 60 anos agora em 2021. Mas o problema é o que ele representa, ou melhor dizendo, o que não representa. Justamente por não refletir os novos valores do setor, em especial nos quesitos segurança e meio ambiente, o tradicional calhambeque da Anfavea está perto de se aposentar.
A entidade abriu concurso para estudantes da área de design apresentarem propostas para a mudança do seu logotipo, o que deve ocorrer até abril do ano que vem. De 40 universidades contatadas, pelo menos 15 aderiram ao projeto e os melhores trabalhos devem ser apresentados até novembro.
A análise dos dirigentes da Anfavea quando à necessidade de se mudar o logo é bastante objetiva. A imagem do calhambeque é amigável e doce, admitem. Mas remete a um veículo inseguro e poluente, ou seja, tudo o que o setor não quer atualmente.
E o desafio para quem for participar do concurso não se restringe a mostrar os avanços da indústria automotiva nos últimos anos ou mesmo as tendências em curso. Além de retratar os novos valores do setor, outra premissa considerada essencial pela Anfavea para garantir o sucesso nessa empreitada é fazer algo que não represente meramente um automóvel.
Afinal, a entidade também abrange fabricantes de caminhões e ônibus, assim como de máquinas agrícolas e rodoviárias. E é nessa linha que a entidade imagina seu novo logo, algo que possa simbolizar os diferentes produtos feitos por suas associadas.
Haverá um vencedor de cada universidade, com direito a um prêmio de R$ 1 mil, e um destaque geral, que receberá R$ 10 mil. Não necessariamente, contudo, o melhor trabalho se transformará no novo logo.
A Anfavea poderá avaliar mais de uma proposta desse processo todo, junto com outras que já tem em mãos. É que a ideia da mudança começou a ser encaminhada há mais de 2 anos, mas a pandemia da Covid-19 acabou desacelerando o projeto, agora retomado com o envolvimento das universidades.
Criado em 1961, o atual logotipo até passou por uma alteração em 1991, quando o setor se preparava para a transformação que viria naquela década com a abertura do mercado brasileiro. Rejuvenesceu um pouco, porém preservou a imagem do calhambeque inicial, símbolo também presente nos materiais de divulgação dos salões do automóvel realizados em São Paulo a cada dois anos.
Pela sua história e sua presença ao longo das últimas seis décadas em todas as publicações da Anfavea, certamente o calhambeque vai deixar saudade. Mas novos tempos exigem novos símbolos e nunca em toda a sua história a indústria automotiva mundial e brasileira passou por tantas transformações como as atuais. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)