Randon terá linha férrea própria no interior de São Paulo

O Estado de S. Paulo

 

Após adquirir sete empresas em dois anos e finalizar um processo de ampliação de capacidade produtiva de várias de suas unidades, o grupo Randon lança amanhã, em sua divisão de implementos, a pedra fundamental da construção de uma malha ferroviária na unidade de Araraquara (SP). A filial também inaugura novas instalações após obras que começaram em 2019, um ano após o início da operação da unidade sob o comando do grupo familiar.

 

A linha férrea partirá de dentro da fábrica e percorrerá 1,5 km transportando vagões, reboques e semirreboques a um ramal principal na mesma cidade, de onde serão enviados para clientes da empresa em todo o País por ferrovias. A obra ficará pronta em 2023.

 

O presidente da empresa, Daniel Randon, diz que o transporte hoje é feito por rodovia, o que exige complexa logística. Os implementos precisam ser levados até a cidade de Sumaré, onde são montados em um galpão, num percurso total de 150 km.

 

“Com a linha, eles vão sair de dentro da fábrica montados até o ramal, onde teremos área de armazenamento para 40 a 50 vagões”, afirma Randon. “Vamos diminuir o tempo de entrega no mínimo em cinco dias, além de reduzir custo logístico e melhorar a qualidade da operação.”

 

O projeto está contemplado no investimento de R$ 40 milhões que o grupo fez na ampliação da capacidade produtiva da fábrica, que passa de 25 para 45 reboques ao dia e de 8 para 16 vagões. Como é uma operação conectada a outras do grupo, a capacidade total diária atingirá 150 reboques, ante 130 hoje.

 

Novas vagas

 

A ampliação já gerou 170 novos postos de trabalho e mais 90 serão abertos nos próximos meses. A unidade de Araraquara emprega atualmente 500 funcionários. O grupo todo tem 14 mil funcionários, dos quais mil no exterior.

 

Segundo o diretor-geral da Randon Implementos, Sandro Trentin, há grande demanda por semirreboques e vagões ferroviários principalmente por parte dos setores de agronegócio e mineração, assim como de transporte de produtos em geral por causa do aumento de vendas pelo e-commerce.

 

A empresa opera com capacidade plena, e alguns produtos precisam de três a quatro meses para serem entregues. “Com a ampliação vamos poder operar com prazos médios de mercado, que é de 45 a 60 dias”, afirma Trentin. Com as reformas, o grupo também quer estar preparado para atender a demandas que devem surgir com os novos programas de concessões.

 

O grupo também atua, entre outros, nos ramos de autopeças para caminhões, ônibus, reboques e máquinas agrícolas, usinagem, seguro, banco e consórcio, além de tecnologia por meio da Randon Tech Solution, unidade de aceleração e desenvolvimento de automação.

 

A divisão adquiriu em fevereiro, a Auttom, de Caxias do Sul (RS), que atua com soluções tecnológicas em automação e robótica industrial. Essa empresa foi responsável pela compra, em leilão, de 250 robôs da Ford que operavam na fábrica de caminhões no ABC paulista, fechada em 2019. Eles serão instalados na filial de Araraquara e nas demais unidades grupo.

 

As outras empresas adquiridas em 2020 e 2021 foram Nakata, Fundituba, CNCS, Menfund, Ferrari Metalúrgica e uma corretora de seguros. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)