Jornal do Carro
No fim de agosto, flagras revelaram um novo Ford Ecosport com leves alterações de estilo na Índia. As imagens sugeriam que o SUV receberia mais uma plástica por lá. Entretanto, na última semana, a marca anunciou o fechamento de suas fábricas no país asiático. Assim, a dupla Ecosport e Ka saiu de linha imediatamente por lá, tal como ocorreu no Brasil.
No dia 11 de janeiro de 2021, os compactos saíram de linha de uma só vez por aqui. O SUV Ecosport e o popular Ka, disponível nas carrocerias hatch e sedã, deixaram de ser feitos imediatamente na fábrica de Camaçari, na Bahia. A unidade foi inaugurada em outubro de 2001 após investimento – robusto à época – de US$ 1,3 bilhão, e estava prestes a completar 20 anos.
Com a decisão de matar a dupla na Índia, agora a Ford enterra de vez o Ecosport e o Ka. Pouco a pouco, os dois compactos deixarão de ser vendidos em vários mercados pelo mundo. A Argentina, por exemplo, chegou a anunciar a importação de unidades do SUV da Índia para clientes que já haviam fechado a compra do modelo, que era fornecido pelo Brasil.
Perto do adeus
O Ecosport também sairá de linha nos EUA. Ou seja, as recentes decisões da Ford jogam uma pá de cal nos dois modelos. O curioso é que, em 2020, o Ka brigava no topo do ranking de vendas de novos no Brasil. Por isso ainda é um carro muito visto nas ruas de todo o País. Mas o Ecosport já não vinha apresentando desempenho satisfatório diante dos muitos novos rivais que surgiram, como Jeep Renegade, Hyundai Creta e Volkswagen T-Cross.
Vale dizer que o SUV continua a ser feito na Romênia, e distribuído em países europeus, da África, Ásia e Oceania. Contudo, após o fim da produção no Brasil e na Índia, dificilmente voltaremos a ver o Ecosport por aqui. O que talvez tenha um lado bom, pois a reestilização indiana deixou o utilitário com visual que divide opiniões e teria pouco efeito prático.
Um fim melancólico
No início deste século, o EcoSport criou a categoria SUV compacto. Feito originalmente sobre a plataforma do Fiesta, ele foi pioneiro e, por muitos anos, surfou sozinho nas vendas. Entretanto, mesmo tendo feito sucesso, a segunda geração não obteve o mesmo desempenho. Além disso, vários novos utilitários chegaram ao país a partir de 2015, com Honda HR-V e Jeep Renegade. E o Ecosport sentiu.
Antes do fim da produção no Brasil, o utilitário tinha uma troca de geração prevista para o nosso mercado. Inclusive, havia uma equipe brasileira desenvolvendo o novo Ecosport. Mas tudo foi descartado com a decisão de encerrar a operação no País. Também é pouco provável que a Ford lance uma nova geração do Ecosport na Europa, onde a marca tem vários outros SUVs mais modernos e interessantes que o compacto.
Pela nova diretriz da montadora, o Ka também não terá uma renovação. A Ford não vai mais fabricar automóveis e concentrará seus esforços nos SUVs e picapes. Ou seja, a geração atual, ainda à venda na Europa, será a última do hatch lançado ainda nos anos 1990. Dessa forma, o compacto será retirado de linha em definitivo também no exterior, o que deve acontecer já no ano que vem (2022), junto com o Ecosport.
De fabricante a importadora
Sem a linha Ka e o Ecosport, seus carros de volume, a Ford continua a sua reestruturação no Brasil. Atualmente, o carro-chefe da marca é a picape Ranger. Neste ano, a empresa também lançou o SUV 4×4 Bronco Sport, inédito por aqui, mas com preço de luxo. E trouxe o Mustang na nova versão Mach 1, talvez o último da atual geração com motor V8.
Mas a marca ainda tem outras cartas na manga para se reerguer. A mais valiosa parece ser a picape Maverick, que é feita no México sobre a base do Bronco Sport. O modelo virá em 2022 para concorrer com a Fiat Toro, um sucesso por aqui. Entretanto, o sucesso dependerá do preço. Se chegar muito cara, a picape terá dificuldades. (Jornal do Carro/Diogo de Oliveira)