AutoIndústria
Os comerciais leves estão em alta consideração nas planilhas de produção ou comerciais das montadoras. As vendas desses produtos saltaram nada menos do que 50,5% na comparação entre os oito primeiros meses de 2021 e 2020, crescimento duas vezes e meia maior do que a média do mercado, da ordem de 21%, e o triplo do registrado pelos carros de passeio, cujos licenciamentos avançaram 14,5%.
Foram negociados no período 280 mil picapes e furgões. Os emplacamentos acumulados representaram 21% das vendas totais de veículos leves, a maior fatia do segmento na história.
Ao longo de quase toda a última década esses veículos responderam por não mais do que 15% dos licenciamentos, passando a 17% somente no ano passado. E nos primeiros anos deste século a participação era ainda menor, perto de 10%.
As picapes grandes seguem como o maior filão do segmento. Sozinhas, somam mais da metade das vendas, com 142,7 mil unidades, 50% a mais do que de janeiro a agosto de 2020. As pequenas vêm logo em seguida, com 100,2 mil licenciamentos, mas crescimento ainda mais vigoroso de 62% na comparação anual. Os furgões acumulam 22,1 mil unidades vendidas e os furgões pequenos, 9,5 mil.
As vendas diretas são decisivas para esse desempenho dos comerciais leves bem acima da média do mercado total. Enquanto a modalidade é canal para negociação de 38% dos carros de passeio, cerca de 60% das picapes e furgões são vendidos diretamente pelos fabricantes a empresas, frotistas, produtores rurais e pequenos empresários.
A marca que mais tem aproveitado a consistente onda ascendente dos comerciais leves no Brasil é a Fiat. Não por oportunismo: ela aposta no segmento historicamente, desde sua chegada ao Brasil, em 1976.
Com cinco modelos, a Fiat detém 51,3% do segmento, com 143,5 mil unidades vendidas, 43% de todos os veículos que negociou de janeiro a agosto. Dois deles, porém, somam quase 90% do total de comerciais leves Fiat: as picapes Strada, com 79,6 mil licenciamentos, e a Toro, com 47,8 mil.
Se nenhum fator excepcional atrapalhar suas vendas no último trimestre, a Strada, quase certo, entrará para a história como a primeira picape a liderar o mercado interno ao longo de mais de seis décadas. Em 2020, já foi o quarto mais negociado, atrás somente dos Chevrolet Onix e Onix Plus e do Hyundai HB20, automóveis de passeio compactos.
Este ano, porém, sua maior ameaça está “dentro de casa”. O Fiat Argo é o segundo colocado no ranking, mas com 19 mil emplacamentos a menos, diferença equivalente a quase três meses de suas vendas, que, em agosto, somaram 7,7 mil contra 9,1 mil da Strada.
A Fiat, assim, já pode estourar o champanhe e preparar a campanha publicitária em comemoração ao retorno de um modelo seu ao topo depois de sete anos. Em 2014, o Palio ficou à frente do Volkswagen Gol e da própria Strada. Desde então, só deu Chevrolet Onix na ponta. (AutoIndústria/George Guimarães)