O Estado de S. Paulo
Mudança. Gigante americana, que foi líder do mercado brasileiro durante vários anos, perdeu o posto ao sofrer muito com a falta de componentes para a fabricação do Onix, seu principal carro; montadora prevê investimentos de R$ 10 bi para o País nos próximos 5 anos
Uma semana após a inesperada saída do argentino Carlos Zarlenga do comando da General Motors na América do Sul, a companhia anunciou o regresso de Santiago Chamorro ao Brasil para assumir o cargo. O executivo colombiano já presidiu a filial brasileira de 2013 a 2016.
Chamorro já foi efetivado no novo posto, embora ainda esteja nos Estados Unidos, onde até agora ocupava a vice-presidência da GM Global Connected Services, responsável por tecnologias inovadoras de carros conectados, entre outras atividades.
Zarlenga deixou a companhia na semana passada, segundo a GM, para “buscar outras oportunidades”. Chamorro volta ao País com a missão de recuperar desempenho sustentável e lucrativo para a operação da marca, objetivo dado também a Zarlenga no início de 2019, quando a presidente global da companhia, Mary Barra, ameaçou suspender operações na região.
Ele chega num momento em que a montadora, líder em vendas por vários anos, perdeu a posição no Brasil, seu maior mercado local, após manter fechada por quase cinco meses a fábrica de Gravataí (RS), onde produz o Onix – até então, o automóvel mais vendido no País.
A subsidiária local, que segundo Zarlenga começava a recuperação de resultados financeiros, foi a mais prejudicada no País pela falta de semicondutores, problema que afeta a indústria automobilística em todo o mundo desde o início do ano.
A fábrica gaúcha retomou as atividades no último dia 16, e a de São Caetano do Sul (SP) voltou a operar no dia 26, após cerca de dois meses de paralisação, ambas com apenas um turno de trabalho. Em julho, a GM estava em sétimo lugar no ranking de vendas. Em agosto, até o dia 30, estava em sexto, provavelmente porque as concessionárias voltaram a receber unidades do Onix hatch e sedã.
Parte da parada na fábrica do ABC paulista foi para realizar grande reforma nas instalações para o início da produção da nova picape Montana, lançamento que caberá a Chamorro comandar em 2022.
Investimento-chave
“É um prazer e uma honra assumir esta nova posição como presidente da América do Sul”, afirmou Chamorro, em nota. “Estou ansioso para me reconectar com os muitos colegas e parceiros para impulsionarmos os negócios na América do Sul juntos.”
Segundo ele, “com a excelente equipe e parceiros da América do Sul, e com o portfólio vencedor e as fábricas retomando a produção, temos os pilares para crescer e sustentar nossa forte posição na região”.
Steve Kierfer, vice-presidente sênior da GM e presidente da GM Internacional, disse, também em nota, que “Chamorro assume a função com a prioridade de liderar a implementação de investimentos-chave para o futuro das operações da GM na
América do Sul, bem como aumentar a produção conforme a indústria supera a escassez global de semicondutores e a pandemia de covid-19”.
Para o Brasil, estão previstos investimentos de R$ 10 bilhões nos próximos cinco anos. O grupo tem cinco fábricas locais, sendo três de automóveis, uma de motores e uma de componentes para o mercado de reposição. Na região, a GM também tem fábrica na Argentina e operações comerciais em outros países, como Colômbia e Equador.
Em breve, Chamorro vai se mudar de Michigan para São Paulo. Em sua nova função, ele se reportará a Kiefer. O executivo global afirmou que confia que “os negócios na região continuarão centrados no cliente, com forte atuação junto aos parceiros, com o objetivo de um desempenho sustentável e lucrativo sob a liderança de Santiago”.
“Santiago tem profundo conhecimento dos mercados sulamericanos, bem como forte relacionamento com nossa organização global. Isso o posiciona muito bem para continuar a conectar os negócios na América do Sul com a visão global de futuro da GM”, disse Kiefer.
“Temos os pilares para crescer e sustentar nossa forte posição na região.” Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)