Destaques da Rota Digital Fenatran de Agosto

Revista Torque

 

A Rota Digital Fenatran trouxe nos últimos dias 25 e 26 um pacote completo de apresentações sobre as perspectivas do setor de transporte de carga, o comércio eletrônico e o direct to consumer (D2C), as energias alternativas ao diesel e a sustentabilidade. Além da participação de relevantes empresas do setor, o evento de agosto contou com a participação de importantes associações. Todo o conteúdo já estará disponível on demand na plataforma da Rota Digital, fenatran.com.br, a partir desta quarta-feira.

 

O painel de abertura no dia 25 tratou do cenário para o segundo semestre deste ano de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de São Paulo (SETCESP) e a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL). O primeiro semestre foi bastante positivo para o setor e o restante do ano caminha também nesse sentido, de acordo com Tayguara Helou, presidente do SETCESP. “Mas temos variáveis externas econômicas e políticas que podem interromper um pouquinho esse crescimento e essa dinâmica do setor no segundo semestre”. De acordo com Tayguara, os empresários estão motivados e, por isso, investindo e recapacitando as suas equipes, ampliando as suas operações. “Portanto, o segundo semestre promete ser excelente”, resumiu. “É hora de pensarmos na retomada de uma vida normal, respeitando todos os protocolos, com testes e vacinas”.

 

Marcella Cunha, diretora-presidente da ABOL, também reforça uma visão positiva para o setor nesse período. “Estamos detectando uma recuperação gradual do volume de carga dos operadores logísticos e uma tendência de intensificação dos investimentos em logística em geral, principalmente nos segmentos do varejo e do e-commerce. Percebemos a utilização e aposta também em novas tecnologias em prol de maior eficiência e produtividade operacionais, aumentando a sua competitividade”, comentou a presidente da entidade. “Vemos com bons olhos o segundo semestre e mais ainda os anos de 2022 e 2023”.

 

Indústria direto ao consumidor final

 

Neste mesmo dia 25, a Rota Digital contou também com um painel específico sobre as vendas diretas da indústria para o consumidor final e como as empresas de transporte devem se estruturar para o aumento da demanda no comércio eletrônico.

 

Para Flavia Maffei, Diretora de Vendas da Loggi, o e-commerce veio para ficar e é uma tendência que vem crescendo substancialmente. Ela lembrou que a logística é uma espinha dorsal do e-commerce e envolve investimentos em tecnologia, capacidade para atender aos consumidores e os embarcadores de todo o país, e não apenas nichos ou regiões específicas do mercado. Disse ainda que a demanda em todas as regiões está crescendo muito. “O Sudeste continua sendo predominante, mas as outras regiões continuam crescendo cada vez mais e nós, transportadores, precisamos nos adequar, estando muito conectados a essa demanda para prover soluções a todos os consumidores do Brasil”, disse Maffei.

 

Fábio Fialho, CSO da SYNAPCOM, empresa de full commerce, acredita, por outro lado, que “já estamos no fim do e-commerce e já podemos ver uma evolução de um novo modelo de comércio, seja ele digital ou físico, uma integração dos mundos B2B com B2C”. Segundo Fialho, podemos apostar na transformação “de um único comércio de relacionamento entre canais e estoque integrados”.

 

Matriz energética brasileira

 

No dia 26, foi a vez da Rota Digital abordar a tendência e as opções da matriz energética, a aplicação e soluções de energias alternativas ao diesel. O Brasil conta atualmente com mais de 600 plantas para a produção do biogás, por exemplo, mas consome, de acordo com Gabriel Kropsch, vice-presidente da ABIOGÁS, apenas 2% do volume produzido, que pode ser usado tanto para a geração de energia termoelétrica como biocombustível em veículos leves e, mais recentemente, em caminhões e ônibus. “A questão é se vamos aproveitar o biogás como mais um combustível de nossa matriz energética ou vamos continuar desperdiçando 98% de nossa produção”, destacou Kropsch.

 

Ricardo Rodrigues da Cunha Pinto, Consultor Sênior de Planejamento de Marketing e Inteligência de Mercado da PETROBRAS, comentou que “certamente o Brasil vai precisar também de muito hidrogênio verde como grande fonte de matéria-prima para a indústria do petróleo. Ele acredita que o país poderá usar antes o chamado hidrogênio azul, que é a recuperação do CO2 gerado na produção de hidrogênio do gás natural.

 

O uso de insumos locais ou regionais para fazer os combustíveis avançados e prover a fonte de hidrogênio foi defendido por Daniel Gabriel Lopes, Diretor da HYTRON. “Eu vejo a complementaridade da produção do biometano, da produção eólica, solar, etanol, também importantes na nossa matriz energética e que viabilizam a pulverização ainda maior, mais barata e estável, quando usamos os insumos locais”. Ele destacou que esse recurso também gera desenvolvimento com o emprego de recursos humanos também locais.

 

Economia circular e sustentabilidade

 

O último painel do evento tratou da economia circular e a sustentabilidade no transporte de cargas, com as inovações tecnológicas que contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

 

Alexandre Parker, Diretor de Assuntos Corporativos da Volvo, comentou sobre a aplicação da economia circular nas ações da empresa. Como exemplo, destacou o negócio de produtos remanufaturados, com a coleta, por meio dos concessionários da marca, de carcaças de motores, caixas de câmbio e outros componentes importantes. Através de convênios com seguradoras, a empresa também recebe e trata de veículos para desmanche, evitando, assim, o uso de peças piratas e preservando a imagem da qualidade da marca, que começa pelos seus componentes. “Nós no Brasil somos uma referência global para o negócio de remanufaturados da empresa”, comentou o executivo.

 

De acordo com dados da ZEG (Zero Emission Generation), 55% das emissões de CO2e são causadas pelo consumo de combustíveis fósseis derivados de petróleo e 19% correspondem ao setor de energia, que libera cerca de 413,7 MtCO2e por ano. Ricardo Blandy, Diretor Comercial da empresa, destacou que a transição energética da frota brasileira já é realidade, onde os principais fornecedores e clientes industriais desenvolvem alternativas para cumprirem a agenda ESG.

 

Para Dario Alves Ferreira, diretor da Thermo King, a mudança climática mundial já é uma realidade, como as inundações ocorridas recentemente na Alemanha. Ele destacou a necessidade de uma atenção especial com a disrupção tecnológica e as mudanças demográficas, que atingem de alguma forma a sustentabilidade. Outro destaque na apresentação do executivo é que “até chegar às mesas dos consumidores, são desperdiçados diariamente cerca de 34% a 36% dos alimentos plantados e colhidos no Brasil”. (Revista Torque)