AutoIndústria
As mais recentes avaliações de segurança do Latin NCAP, o Programa de Avaliações de Veículos Novos para América Latina e Caribe, foram consideradas decepcionantes pela entidade independente. Dessa vez, Renault Duster e Suzuki Swift (não oferecido oficialmente no Brasil desde 2017) saíram dos testes de impacto sem nota, dentre as cinco estrelas possíveis no resultado.
A entidade submeteu às avaliações um modelo básico do Duster, equipado com dois airbags e controle eletrônico de estabilidade (ESC). A partir dos testes de impacto, o SUV obteve 29,47% em Proteção de Ocupantes Adultos, 22,93% em Proteção de Ocupantes Infantis, 50,79% em Proteção de Pedestres e Usuários Vulneráveis de Estradas e 34,88% em Sistemas de Assistência de Segurança.
De acordo com o Latin NCAP, a oferta do modelo da Renault produzido no Brasil e exportado para mercado da América Latina não oferece airbags laterais e proteção lateral de cabeça, itens encontrados no modelo vendido na Europa sob a marca Dacia.
Além disso, no teste de impacto frontal, a entidade detectou estrutura instável, perda de combustível e abertura de porta. Como solução, o programa recomenda ações da Renault para sanar as consequências eventuais provenientes de uma colisão.
“O fraco desempenho de segurança oferecido pela Renault e a Suzuki para os consumidores latino-americanos é decepcionante e perturbador”, observa em nota Alejandro Furas, secretário-Geral do Latin NCAP. “Os consumidores na América Latina são obrigados a pagar mais do que o preço básico para obter os mesmos equipamentos de segurança que a Renault/Dacia e a Suzuki oferecem como padrão em outros mercados, como a Europa. A segurança básica dos veículos, padrão em mercados de economias maduras, é um direito que os consumidores da América Latina e do Caribe devem exigir sem ter que pagar a mais.”
A que parece, no entanto, há um descompasso evolutivo. Desde o ano passado, o Latin NCAP adotou novo protocolo mais rígido para as avaliações. Em comunicado a Renault argumenta que o modelo testado agora é “exatamente o mesmo em termos de conteúdos de segurança ativa e passiva em relação ao veículo que obteve quatro estrelas na proteção para adultos e três estrelas na proteção para crianças, em teste realizado pela mesma instituição em 2019”, daí “os resultados são diferentes”.
A Renault reforça que o Duster “cumpre rigorosamente as regulamentações nos países em que é comercializado, superando-as em alguns quesitos”. Considera ainda que, assim como “houve uma grande evolução na segurança veicular nos últimos anos, o tema seguirá evoluindo e a Renault continuará a oferecer produtos com alto nível de segurança.”
Stephan Brodziak, presidente do Conselho do Latin NCAP, é incisivo na questão. “É muito discriminador que, após mais de 10 anos avaliando o desempenho de segurança dos veículos comercializados na América Latina e no Caribe, continuemos a ver carros zero estrela. Em termos de segurança veicular, ainda somos tratados como cidadãos de segunda classe apenas para que alguns fabricantes possam economizar dinheiro na produção de veículos”. (AutoIndústria)