O Estado de S. Paulo
Com o mercado agitado por sucessivos aportes milionários, a startup de mobilidade Kovi anunciou que vai receber R$ 500 milhões em seu segundo aporte desde a sua fundação, em 2018. A companhia brasileira se especializou na locação de automóveis para motoristas de aplicativo, mas quer aumentar sua atuação com o público em geral com o modelo de carro por assinatura, além de atuar em mais mercados no exterior.
O aporte foi liderado pelos fundos Valor Capital Group e Prosus Ventures, que é a antiga Naspers. Além deles, os fundos Quona, GFC, Monashees, Ultra Venture Capital, Globo Ventures, Maya Capital e ONEVC também participaram da rodada. A empresa não divulgou o valor de mercado alcançado com o novo investimento.
Diferentemente de locadoras convencionais, a Kovi não compra nenhum automóvel. A startup negocia diretamente com as montadoras a locação dos automóveis, que depois de um tempo de uso são devolvidos às próprias fabricantes.
Atualmente, as montadoras têm as locadoras como grandes clientes, mas, neste caso, as locadoras compram os carros com descontos e depois lucram também na venda de seminovos. No modelo da Kovi, as montadoras retomam os carros para explorar a venda.
“Nós sempre fomos uma fintech e até nos rejeitaram para participar de organizações de classe, porque diziam que não tínhamos carro. Mas, hoje, cuidamos de quase 11 mil carros e queremos ser um líder global para carro de assinatura para pessoa física”, afirma Adhemar Milani, cofundador e presidente da Kovi. Até o fim do ano, a empresa pretende alcançar a marca de 20 mil carros e aumentar o seu time em 200 pessoas, totalizando 900 funcionários.
A Kovi tem contratos com as montadoras Renault, Volkswagen, Toyota e GM, além de contratos com locadoras convencionais, e tem a expectativa de ampliar esse leque. Para atrair mais consumidores, a empresa aposta em um modelo com pacotes para diferentes quilometragens.
Para alugar um carro sedã por uma semana, por exemplo, o cliente paga de R$ 299, para rodar até 100 quilômetros, até R$ 469, caso prefira não ter nenhuma limitação. O preço é praticamente a metade do cobrado por locadoras tradicionais.
“É um modelo interessante porque foca no uso dos automóveis, e não na posse. E a empresa já está pegando uma fatia importante do mercado de aplicativos”, diz Renato Mendes, sócio da consultoria F5 Business Growth.
A meta é ir além dos motoristas de aplicativo, que representam 70% do total de clientes, para alcançar mais pessoas físicas que não querem ter dor de cabeça para financiar um carro ou pagar contas como seguro e IPVA. O foco, no entanto, não será o consumidor de mais alta renda. Não à toa, todos os automóveis sob gestão da Kovi possuem uma faixa na traseira com o logotipo e nome da empresa. Segundo Milani, isso traz mais segurança para os motoristas.
Atualmente, a Kovi está nas capitais do Brasil e também no México. Mas, com o valor recebido, quer iniciar a sua expansão global. A América Latina deve continuar no foco, com países como Chile, Peru, Argentina e Colômbia entre os alvos. Porém, Milani enxerga que há espaço para crescer além do continente, como em países como Turquia, Grécia e até no sudeste da Ásia. “São países com diferenças grandes entre as classes sociais”. (O Estado de S. Paulo/André Jankavski)