Estudo aponta caminhos para eletrificação veicular

iCarros

 

Como o Brasil se integrará ao esforço mundial para limitar as emissões de gás carbônico (CO2) foi o objetivo de um grande estudo que Anfavea e Boston Consulting Group (BCG) acabam de apresentar.

 

A eletrificação tornou-se a saída mais objetiva na qual os três grandes polos da indústria automobilística mundial, China, EUA e União Europeia, estão empenhados

 

Estes três representam cerca de 60% das vendas mundiais de veículos leves e pesados. Acrescentado o Japão, os países centrais respondem por próximo a dois terços da frota mundial e das emissões de CO2.

 

Obviamente, o País não pode e nem deve ficar de fora deste esforço global. Atender esses objetivos, no entanto, exige ações de curto, médio e longo prazos, além de investimentos bastante elevados tanto do governo quanto da própria indústria.

 

Dos três cenários montados pelo BCG para 2030 e 2035, o que me parece mais perto da realidade brasileira do ponto vista de veículos leves é o protagonismo de biocombustíveis no caminho da descarbonização.

 

É viabilizado por regulações já existentes, frota predominante de automóveis flex e ampla infraestrutura de produção e distribuição de etanol.

 

Há, entretanto, outra alternativa classificada de cenário de convergência global. Neste caso o Brasil alcançaria nível de eletrificação maior e as fabricantes aqui instaladas seguiriam estratégias globais.

 

Para isso seria necessário instalar 150.000 carregadores espalhados pelo País ao custo hoje estimado de elevados R$ 14 bilhões. Ainda assim, em 2035, a frota circulante de veículos leves teria 82% com motores só a combustão e o restante, elétricos e híbridos.

 

Precisaria saber de onde viria o investimento nos carregadores: do governo, da iniciativa privada, da indústria automobilística ou do esforço coordenado. Do ponto de vista do consumidor não se trata apenas de localização fácil em ruas e estradas, mas do tempo de recarga.

 

Já se observou, principalmente nos EUA, certo grau de rejeição. Não se sabe ainda o reflexo nas vendas futuras de elétricos pelo desconforto da espera mínima de 30 minutos, isso nos pontos de recarga de alta potência, para recuperar 80% do alcance declarado.

 

O estudo reúne grandes méritos pois pode servir de referência para o governo federal implantar ações de estímulo que, já se sabe, serão tão necessárias quanto difíceis de enquadrar no apertado orçamento federal.

 

As condições econômicas e sociais dificultam a criação de subsídio direto ao comprador de um veículo 100% elétrico ou híbrido recarregável em tomada, como acontece hoje e continuará nos próximos anos em países centrais.

 

A cultura governamental de taxar veículos leves muito acima da média mundial atravessa mais de meio século. Seria aparentemente simples e faria sentido diminuir essa carga fiscal para combater o aquecimento global.

 

Há também a alternativa de incentivar a renovação da frota atual, o que melhoraria muito as emissões de CO2. Mas, neste caso, deveria vir também a inspeção técnica veicular pelo menos nos principais centros urbanos do País. (iCarros/Fernando Calmon)