Diário do Grande ABC
A balança comercial do Grande ABC registrou déficit (mais importações do que exportações) de US$ 361,48 milhões nos sete primeiros meses deste ano. Ou seja, perda de aproximadamente R$ 1,89 bilhão conforme o dólar comercial ontem, fechado a R$ 5,24. A indústria da região sofre com a paralisação das montadoras, que enfrentam a falta de semicondutores, produzidos principalmente na China.
Segundo dados do Ministério da Economia, tabelados pelo Diário, entre as sete cidades, apenas Santo André, São Caetano e Ribeirão Pires fecharam o período com superavit (número maior de exportações do que importações). Em contrapartida, São Bernardo registrou resultado negativo de US$ 297,75 milhões.
Os números de janeiro a julho deste ano são piores do que os registrados no mesmo período de 2020, que pegaram o início da pandemia e acumularam déficit de US$ 333,20 milhões, ou US$ 28,28 milhões a menos na comparação com 2021.
“A indústria automobilística é o grande puxador de exportações no Grande ABC. E a falta de componentes paralisou a produção, o que gera efeito em cascata nas demais empresas que fornecem para o setor”, afirmou o diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Cláudio Barberini Junior.
Na região, duas montadoras paralisaram a fabricação devido à falta de insumos: GM (General Motors) de São Caetano e Volkswagen, de São Bernardo.
Na última semana, a Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) ilustrou o tamanho do problema. Em todo o País, foram produzidas 163,6 mil unidades no mês passado, o julho mais baixo em 18 anos. Como consequência, já faltam modelos nas concessionárias.
O diretor do Ciesp Diadema, Anuar Dequech Júnior, também citou que o aumento no custo das matérias-primas e a falta de política industrial contribuem para o problema. “Não estamos chorando as pitangas. Vemos muitas indústrias multinacionais desistindo do Brasil, e isso acontece por causa da complicação da tributação.”
No Brasil
Os números nacionais são bem diferentes dos da região. A balança comercial acumula superavit de US$ 44,126 bilhões nos sete primeiros meses do ano. O resultado é o maior da série histórica para o período. “No Brasil, sempre temos que pensar no peso do agronegócio”, disse o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. “No Grande ABC não temos isso. Uma parte do automotivo que é produzido aqui é exportada, mas sem condições de produzir, não temos como exportar”. (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)