Seminovos disparam de preço e ficam até R$ 20 mil mais caros; lista tem Compass, HB20 e T-Cross

Jornal do Carro

 

Ao passo que os carros novos ficam mais caros, o preço de seminovos e usados também continua a subir. O Jornal do Carro traz um levantamento exclusivo com base na Tabela Fipe que mostra o quanto alguns dos modelos mais vendidos encareceram ao longo dos últimos seis meses. Tem seminovo que já encareceu R$ 20 mil em 2021.

 

É o caso do Jeep Compass da linha anterior ao facelift. O SUV médio registrou alta de até R$ 20 mil em relação ao seu preço em janeiro deste ano. Com a escassez de microchips na indústria, os lojistas enfrentam a falta de modelos 0-km nas lojas ou mesmo um longo tempo de espera até a entrega deles, o que faz os clientes, então, buscarem por seminovos.

 

T-Cross seminovo até 16,9% mais caro

 

É o que está acontecendo, portanto, com quem procura pelos SUVs compactos Chevrolet Tracker e Volkswagen T-Cross, dois dos modelos mais vendidos da categoria.

 

Para se ter uma ideia, o SUV da marca alemã oferece a versão 200 TSI automática 0-km por R$ 114.450. Quem procurar por essa mesma configuração do T-Cross, de ano/modelo 2020/2021, poderá encontrá-la por R$ 105.364, na média. Todavia, o utilitário custava, em média, R$ 90.112 em janeiro deste ano. Ou seja, valorizou 16,9% em poucos meses.

 

Assim, sem qualquer mudança relevante, o VW T-Cross seminovo já acumula valorização de R$ 15.252. Tal aumento é maior do que os R$ 11 mil de reajuste feitos desde então.

 

Mas o caso do Compass é o que chama mais a atenção. O SUV feito em Goiana (PE) recebeu uma leve reestilização e trocou de motor neste ano. Entretanto, o modelo anterior também encareceu, ficando quase R$ 20 mil mais caro na versão Limited flex 2021. Tal versão custava R$ 139.584, em média, no primeiro mês do ano. Todavia, é oferecida por até R$ 158.247. Em pouco tempo, o Compass seminovo subiu R$ 18.663.

 

Detalhe: na linha anterior, o Jeep Compass Limited flex é equipado com o motor 2.0 Tigershark aspirado de 166 cv e 20,5 mkgf de torque. Este motor foi aposentado na linha 2022 do Compass, que adotou o 1.3 turbo flexível de 185 cv de potência e 27,5 mkgf de torque.

 

Nem os hatches escaparam do aumento

 

Há pouco tempo reportamos os altos reajustes do Onix. Com a paralisação de produção do hatch e do sedã Onix Plus, os preços de suas versões seminovas ficaram cerca de R$ 10 mil mais caras. Similarmente, seus concorrentes sofreram da mesma supervalorização. Para tanto, tomamos como exemplo o Fiat Argo Drive 1.0, cuja linha 2021 saía por R$ 51.254 em janeiro. Seis meses depois, o mesmíssimo modelo custa R$ 59.441.

 

Nesse sentido, o HB20 também subiu de preço. O carro mais vendido no 1º semestre subiu cerca de R$ 12 mil no período. Assim, um comprador que se interessasse em janeiro pela versão Evolution 1.0 turbo da linha 2021 pagaria por volta de R$ 62,4 mil. Hoje, quitaria a mesma unidade por cerca de R$ 74.565, de acordo com a Tabela Fipe. Uma alta de 19,4%.

 

Tendência é que os preços continuem a subir

 

A má notícia é o mercado de carros novos, seminovos e usados ainda vai conviver por um tempo com as consecutivas altas de preço. Entretanto, há luz no fim do túnel. De acordo com Diego Fischer, CEO da startup Carupi, “com o setor atingindo níveis de produção similares aos do final de 2019, o mercado eventualmente vai se equilibrar novamente entre oferta e demanda. Assim, os preços devem voltar aos padrões normais nos próximos 12-24 meses”, acredita Fischer.

 

Dólar, commodities e semicondutores

 

Conforme o Jornal do Carro noticiou recentemente, a alta de preço sofrida pelos veículos não se explica apenas pela escassez global de componentes eletrônicos. Nessa matemática, entram o dólar alto, a pandemia da Covid-19, e as altas de preço das commodities (como aço, borracha, alumínio), da inflação e da taxa Selic, por exemplo.

 

Ou seja, quando os automóveis novos sobem de preço, os seminovos e usados consequentemente também encarecem. Da mesma forma, o aumento do ICMS para carros novos e usados no estado de São Paulo também interferiu nas vendas do maior mercado automotivo do país, tal como aponta a Anfavea.

 

Por fim, ainda há o chamado “custo Brasil”. O pacote de impostos cobrados por aqui, como ICMS, PIS/Cofins, e IPI rende uma carga tributária sobre o automóvel 0-km entre 40% e 50%. Em outros países do mundo, essa alíquota varia entre 15% a 18%, segundo a representante nacional da montadoras de veículos. (Jornal do Carro/Emily Nery)