Volkswagen Caminhões vende modelo elétrico para gigantes Coca-Cola e JBS

O Estado de S. Paulo

 

Empresa iniciou oficialmente ontem as vendas do e-delivery, elétrico que já tinha encomendas da Ambev e chamou também a atenção de outras 58 empresas interessadas, de acordo com a marca; preço do veículo varia conforme a configuração e parte de R$ 780 mil

 

A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) iniciou oficialmente ontem as vendas do caminhão elétrico e-delivery, desenvolvido e produzido no País. O lançamento do veículo para uso urbano, especialmente em entregas, vem acompanhado de um pacote que inclui assessoria e fornecimento de estações de recarga e instalação de sistema para geração de energia solar.

 

Em evento on-line para marcar a chegada do e-delivery às revendas, o presidente da VWCO, Roberto Cortes, informou que a Coca-Cola encomendou 20 unidades do modelo e a JBS, um – para testes. “Há outras 58 empresas interessadas.”

 

A Ambev já tem um contrato de intenção de compra de 1,6 mil caminhões, feito em 2018, e confirmou 100 até agora, que serão entregues até outubro.

 

Por ser uma tecnologia nova e inicialmente ter baixa escala de produção, o e-delivery custa, em média, 2,5 vezes mais do que a versão a diesel.

 

O preço varia de acordo com as configurações do produto. A versão para 11 toneladas de carga com três “packs” (sistemas e bateria) custa R$ 780 mil e tem 110 km de autonomia. O modelo mais completo, para 14 toneladas de carga e seis packs, custa R$ 980 mil e roda até 250 km com a carga cheia.

 

“O custo adicional se paga em até cinco anos porque a eletricidade é mais barata que o diesel. O custo de manutenção é menor, há menos peças, o desgaste é menor e a eficiência do veículo é melhor”, afirmou Cortes.

 

O executivo está de olho no mercado externo e diz que, futuramente, vai oferecer o caminhão elétrico em todos os mercados em que já atua na América Latina e na África do Sul. Também não descarta a Europa.

 

Crise energética

 

Mesmo com a atual crise hídrica, que levou o governo a elevar o preço da energia, Cortes acredita que o e-delivery tem grande potencial de vendas. Um dos motivos é o compromisso das empresas em zerar a emissão de carbono nos próximos anos. “E o problema atual (de falta de chuvas) deve ser resolvido logo.”

 

“As empresas terão opção de não usar energia do sistema elétrico, pois também oferecemos alternativas de instalação de placas de energia solar em suas garagens”, afirmou o vice-presidente de vendas e marketing, Ricardo Alouche.

 

Os sistemas de abastecimento serão oferecidos pela montadora em parceria com a Siemens, ABB e Gdsolar. Há modelos de carregadores que fazem o abastecimento em 45 minutos.

 

A bateria de lítio é importada da empresa CATL, da China, pela Baterias Moura, parceira da Volkswagen no projeto. A empresa agrega componentes e faz a instalação no veículo. Também será responsável pela reciclagem das baterias após o uso nos veículos, que tem duração de cinco a oito anos.

 

A Moura montou uma linha exclusiva em sua fábrica em Pernambuco para a montagem das baterias para a Volkswagen e atua dentro do complexo modular da fábrica VWCO em Resende (RJ). Também operam no complexo a Weg, a Meritor e a Bosch. Outra parceira direta é a Semcon, na área de engenharia, e a Eletra, que faz conversão de veículos a diesel em elétricos.

 

Cortes afirmou que o próximo passo da empresa, já em estudos, é o desenvolvimento de ônibus elétricos, projeto incluído no programa de investimento de R$ 2 bilhões da empresa entre 2021 e 2025. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)