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O setor de veículos do Brasil cortou na última quarta-feira (7) expectativas de vendas e de produção para este ano, em meio ao impacto de restrições na oferta de componentes como chips e pneus, segundo dados informados pela associação de montadoras, Anfavea.
A expectativa para o licenciamento de veículos foi reduzida de alta de 15% para crescimento de 13%, para 2,32 milhões de unidades, com corte maior no segmento de automóveis, cuja expectativa de aumento caiu pela metade: de 14% para 7%.
A revisão no prognóstico geral foi contida pelo segmento de comerciais leves, formado por picapes, SUVs e vans. Neste caso, a Anfavea melhorou a projeção de alta de 18% nas vendas neste ano para aumento de 33%, a 450 mil unidades.
A indústria tem focado em veículos de maior rentabilidade, caso de SUVs, que no primeiro semestre, pela primeira vez, praticamente empataram com carros hatch sua participação no total de veículos leves vendidos, ficando com fatia de 39%.
A Anfavea também elevou a projeção de emplacamentos de caminhões este ano, de alta de 13% para crescimento de 36%, a 122 mil veículos, em meio à demanda do agronegócio e setores extravistas, como mineração, por modelos pesados.
Já na produção, a expectativa passou de crescimento de 25% para expansão de 22% neste ano, para 2,46 milhões de unidades, com o crescimento esperado de montagem de veículos pesados passando de 23% para 42%, enquanto em leves a estimativa caiu de alta de 25% para aumento de 21%.
Falta de fornecimento de chips
No primeiro semestre, a indústria nacional deixou de produzir entre 100 mil e 120 mil veículos, com impactos maiores decorrentes da falta de fornecimento de chips sendo sentidos pelo segmento de automóveis, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, a jornalistas.
O volume que a indústria de veículos deixou de produzir no Brasil na primeira metade do ano é equivalente a até cerca de 10% do total montado no período, de 1,15 milhão de unidades, segundo os dados da Anfavea.
A estimativa de perda de produção no Brasil é baseada em levantamento da consultoria Boston Consulting Group (BCG), citado por Moraes, que apontou que na América do Sul, o volume de veículos que deixou de ser fabricado de janeiro ao fim de junho por conta de crise na oferta de chips foi de 162 mil unidades.
“A expectativa da indústria é que o problema (escassez de chips) comece a ser resolvido a partir do segundo semestre de 2022”, disse Moraes. “Há falta de pneus também, mas hoje o tema mais complexo é semicondutor…Estamos tentando mitigar o risco, mas é muito difícil afirmar que esse tema vai ser resolvido (este ano).”
Na semana passada, a associação de concessionários de veículos, Fenabrave, afirmou que espera que uma melhora no quadro da oferta de veículos das montadoras a partir de abril do próximo ano.
Mercado em junho
A produção de veículos no Brasil em junho caiu 13,4% ante maio, para 166.947 unidades, segundo os dados da Anfavea.
Ante junho de 2020, a produção subiu quase 70%, acumulando no primeiro semestre crescimento de 57,5% sobre um ano antes, para 1,15 milhão de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Os licenciamentos do mês passado somaram 182.453 veículos, queda de 3,3% na comparação com maior, mas alta de 37,4% sobre junho de 2020.
No primeiro semestre, o setor acumulou alta de 32,8% nas vendas de veículos novos, para 1,07 milhão de unidades, segundo os dados da Anfavea. (Portal G1)