Diário do Grande ABC
O gás de cozinha e o combustível vão pesar ainda mais no bolso do consumidor a partir de hoje. A Petrobras anunciou alta de 6% no GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), 6,3% no óleo diesel e 3,7% na gasolina, produtos que têm sofrido reajustes constantes neste ano. No Grande ABC, a média de preço do botijão de gás nas revendedoras aumentou 26,7% desde janeiro, passando a custar R$ 89,25, na última semana.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), tabulados pelo Diário, o botijão custa em torno de R$ 100 na região – está R$ 98 em Diadema (veja mais na arte). Em janeiro, a média era R$ 70,40, ou seja, agora custa quase R$ 20 a mais.
Proprietário da Vianagás, localizada em Santo André, Josué Freitas Viana afirmou que as altas constantes prejudicam o setor. Nas revendas, o preço do botijão também varia dependendo se o consumidor vai retirar ou se a loja fica responsável pela entrega.
“O combustível também sobe, e a gente depende dele para fazer as entregas”, afirmou Josué. “O consumidor não tem para onde fugir, a alternativa é a energia elétrica, que também subiu absurdamente. Então, ele está em um beco sem saída, entre a cruz e a espada.”
Em nota sobre o aumento, o Sindigás (Sindicato Nacional das Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo) reiterou que os valores são livres em todos os elos da cadeia. “Portanto, não é possível projetar um percentual de ajuste para o consumidor final. Observa-se, no entanto, que os reajustes do GLP na refinaria são diluídos ao longo da cadeia de distribuição e revenda, fazendo com que recaiam com menos força sobre o consumidor final, devido à disputa pela preferência dos clientes, movimento típico de mercados em que vigora a livre concorrência”, informou.
A Petrobras garantiu que busca evitar o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa causada por eventos conjunturais e que os valores praticados buscam o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo.
“Isso mostra que o setor externo e o câmbio são fatores muito mais decisivos do que a vontade do presidente da República em dar satisfação a uma parte dos seus eleitores (Joaquim Silva e Luna assumiu a Petrobras em abril, após indicação de Jair Bolsonaro em meio a críticas à gestão da estatal)”, afirmou o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. “Nós tivemos um pequeno refresco do dólar nas últimas semanas, isso pode representar algum alívio nesse ritmo forte de aumento nos combustíveis nos próximos meses”, afirmou Balistiero.
Combustíveis
Além do gás, a Petrobras anunciou aumentos nos combustíveis. A gasolina já encareceu 23,52% desde o início do ano, passando da média de R$ 4,38 para R$ 5,41, o litro. Já o diesel passou de R$ 3,82 para R$ 4,58, na média, alta de 19,9%. A expectativa é que com o aumento a gasolina suba R$ 0,12 e o diesel, R$ 0,09.
“O aumento da gasolina vai ter um efeito na economia porque impacta na inflação, mas o diesel acaba impactando mais, porque pega todos os serviços de transporte de carga. O problema é que, com a alta desses combustíveis, o etanol acaba subindo também”, disse o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), Wagner de Souza. (Diário do Grande ABC/Yara Ferraz)