O Estado de S. Paulo
As vendas de veículos novos no mercado brasileiro voltaram a cair em junho no comparativo mensal. O principal motivo, segundo as fabricantes, foram as novas paradas de produção nas fábricas por falta de componentes, em especial de semicondutores. O problema, que vem ocorrendo em vários países, reduz a oferta de produtos nas concessionárias e gera fila de espera para alguns modelos.
Foram vendidos no mês passado 182,4 mil veículos, incluindo caminhões e ônibus, número 3,3% menor que o de maio, mas 37% superior ao de junho de 2020, na época muito afetado pela pandemia de covid-19.
Na soma do primeiro semestre, também há uma recuperação de 32% ante igual período do ano passado, com um total de 1,07 milhão de unidades.
A marca de 1 milhão de veículos comercializados no ano ocorreu, desta vez, dois meses antes da registrada em 2020 e um mês atrás de 2019, quando não havia crise sanitária.
Os dados obtidos com fontes do mercado são preliminares e devem ser divulgados oficialmente hoje pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
No mês passado, somente o segmento de automóveis e comerciais leves vendeu 170,4 mil unidades, queda de 3,3% em relação a maio, mas crescimento de 38,8% no comparativo com junho de 2020. No acumulado do ano, a alta foi 32,5% ante a primeira metade de 2020, com um total de 1,01 milhão de unidades.
A Fiat segue na liderança em vendas no ano, com 22,1% de participação. Em segundo lugar, está a Volkswagen (16,5%), seguida por General Motors (12,3%), Hyundai (9,4%), Toyota (7,8%) e Jeep (7,2%).
Os modelos mais vendidos durante o primeiro semestre foram a picape Fiat Strada (61 mil unidades), os automóveis Hyundai HB20 (45,4 mil), Fiat Argo (41,9%) e Chevrolet Onix (41,5%) e o utilitário-esportivo (SUV) Jeep Renegade (40,6 mil).
Fábricas paradas
Em junho, diversas fábricas voltaram a paralisar a produção por causa da falta de semicondutores, prejudicando o abastecimento das lojas. A Hyundai deveria ter retomado ontem dois turnos de trabalho na fábrica de Piracicaba, mas decidiu estender a paralisação até o próximo dia 11.
Até lá, seguirá operando com apenas um turno.
Em nota, a empresa informa que a prorrogação se deve às “condições instáveis de fornecimento de componentes eletrônicos”. Disse também que segue monitorando a situação e tomará medidas necessárias para adaptar os volumes de sua produção conforme as condições de fornecimento de peças a cada semana.
As fábricas da Volkswagen em São Bernardo do Campo, São Carlos e São José dos Pinhais retomaram as atividades ontem. As duas plantas de São Paulo ficaram paradas por dez dias; na do Paraná, foram 20 dias. A unidade Taubaté também ficou sem produzir por dez dias e voltou a operar no dia 17.
A fábrica da General Motors em Gravataí (RS) está fechada desde abril, com retorno previsto apenas em meados de agosto. Já a planta de São Caetano do Sul iniciou no último dia 21 uma paralisação de seis semanas, mas fará modificações na linha para o início da produção da nova picape Montana, totalmente diferente da anterior.
Antes das paradas, em especial da fábrica gaúcha, onde é produzido o Onix, a GM era líder em vendas no País desde 2016. Em junho, ficou na sétima posição, com 6,8% de participação no mercado de automóveis e comerciais leves. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)