Volkswagen inicia produção de caminhões elétricos.

O Estado de S. Paulo

 

Em negociações com grandes redes varejistas e de olho em exportações, a Volkswagen Caminhões e Ônibus iniciou ontem a produção em série de caminhões elétricos de pequeno porte, o e-delivery. O veículo foi desenvolvido no Brasil, e as primeiras 100 unidades serão entregues para distribuidores de bebidas da Ambev.

 

Antes, foram feitas em Resende (RJ) apenas unidades para testes. Além da Ambev, que tem contrato de intenção de compra de 1,6 mil e-delivery até 2023, a VWCO anunciará novos clientes no próximo mês.

 

Para a fabricação do e-delivery e a ampliação da linha dos modelos a combustão, a VWCO contratou 500 funcionários. O quadro atual do complexo, que inclui vários fornecedores, é de cerca de 4 mil funcionários.

 

A produção inicial será de quatro caminhões elétricos por dia (cerca de 1 mil ao ano). A partir de 2023, a intenção é atingir 10 unidades diárias (3 mil ao ano). “De acordo com a demanda, temos capacidade para ampliar mais a oferta”, diz Roberto Cortes, presidente da companhia.

 

O executivo informa que, por ser a única fabricante de caminhões leves elétricos do Grupo Volkswagen, as chances de exportação são grandes, principalmente para países da América Latina e da África, para onde já fornece veículos a combustão.

 

Segundo Cortes, o e-delivery custa 2,7 vezes a mais do que o caminhão a combustão. O principal custo é a bateria, que é importada e tem valor equivalente à metade do preço do veículo em sua versão elétrica. Ele ressalta, porém, que além do efeito ambiental (emissão zero e sem ruídos), os custos de manutenção e de rodagem são menos da metade da versão a diesel. “O investimento se paga em quatro a cinco anos”.

 

A Baterias Moura, parceira da Volkswagen no projeto, importa as baterias de lítio da chinesa CATL, agrega componentes e faz a instalação no e-shop, como é chamada a linha de montagem especial no complexo de Resende. A empresa também é responsável por desenvolver ações para a segunda vida útil da bateria após o uso nos veículos, que vai de cinco a oito anos.

 

“A ideia é que, futuramente, quando tiver mais demanda, a CATL e a Moura possam produzir a bateria no País”, afirma Cortes. Outras empresas que participam do projeto e da produção são Bosch, Siemens, Weg, Meritor, Semco e Electra.

 

A montadora precisou adicionar apenas R$ 150 milhões ao seu plano de investimento de R$ 1 bilhão até 2020, que incluiu a maior parte do montante aplicado no projeto. Com o novo plano de R$ 2 bilhões para 2021 a 2025, a VWCO continuará investindo em novas tecnologias, incluindo o desenvolvimento de ônibus elétricos.

 

Apesar de ser um projeto ambicioso, a VWCO não está sozinha no mercado. A Fábrica Nacional de Mobilidade (FNM) iniciou produção de caminhões leves e vans elétricas em Caxias do Sul (RS) e também tem contrato de fornecimento de mil unidades para a Ambev. Há ainda os importados das chinesas BYD e da JAC Motors.

 

Célula a combustível

 

Outro anúncio feito ontem relacionado ao transporte limpo veio da Nissan, que renovou sua parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) para ampliar pesquisa do uso do bioetanol para veículos movidos a célula de combustível.

 

O projeto, inédito no mundo, prevê o uso do etanol como gerador de energia elétrica para a célula de combustível no lugar do hidrogênio. O objetivo da nova fase do estudo, iniciado em 2019, é avaliar e viabilizar diferentes componentes e torná-los adequados para uso em projetos em escala comercial. Para o Brasil, a vantagem é abastecer o veículo com etanol nos postos de combustível, em vez de usar a tomada de energia. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)