Jornal do Carro
Um membro do conselho da Volkswagen afirmou durante entrevista que a fabricante alemã está cogitando cobrar aluguel para liberar o modo autônomo de seus veículos, num futuro próximo. Mas o que significa esse novo conceito de “serviços digitais automotivos”?
Nesta premissa, a Volkswagen planeja colocar na linha ID de modelos elétricos e autônomos, já a partir de 2022. Assim, isso vai mudar um pouco o que entendemos por itens de série, itens opcionais, versão de base e versão de topo, tão comuns no mercado de carros atualmente.
E se os carros já viessem com recursos opcionais embarcados? Então, para que funcionem, basta comprar um pacote, talvez em forma de assinatura. Está, portanto, é ideia de um dos membros do conselho da matriz da Volkswagen para o aluguel do “modo autônomo”.
Thomas Ulbrich explicou essa possibilidade em conversa com a revista inglesa Top Gear. Deste modo, a fabricante considera liberar funções autônomas dos novos carros com base em assinaturas por hora. Tudo feito de forma digital e remota, o chamado “Over the air”.
Por um lado, as novas funções podem colocar os futuros lançamentos da marca no chamado nível 4 de direção autônoma. Por outro lado, isso também poderá deixar os modelos mais caros do que a maior parte dos consumidores estaria disposta a pagar.
GM já cobra pelo serviço nos EUA
Segundo o site AutoEvolution, a ideia da Volkswagen não é novidade. Já tem fabricante cobrando para liberar funções embarcadas em seus carros, sobretudo nos Estados Unidos. O “Super Cruise” é um serviço de uso lançado pela General Motors em algumas cidades dos EUA.
Assim, o motorista pode escolher dirigir o elétrico Chevrolet Bolt de forma tradicional, controlando volante, acelerador e freio. Ou pagar mais e poder usar os auxílios de condução semiautônoma em condições de trânsito intenso. Ou em faixas mais lentas da estrada.
Por exemplo, o serviço custa cerca de US$ 25 (R$ 130) mensais.
Por conta da maior complexidade da direção autônoma de Nível 4, Ulbrich estimou um custo maior que os US$ 25 cobrados pela GM. Segundo o executivo estimou, a Volkswagen poderia cobrar o aluguel para função autônoma de até 7 euros (cerca de R$ 45) por hora.
Cobrar à parte para ativar o uso sistema autônomo apenas se e quando o motorista estivesse interessado seria a melhor saída? Segundo o executivo da Volkswagen, sim. “Vemos o futuro como o acesso à mobilidade quando você precisar, sem o compromisso de possuir um carro por vários anos”, afirmou Ulbrich.
Diferentes níveis de condução
No “Nível 1” de automação, o carro pode, por exemplo, dar alertas de situações de emergência ou, em casos extremos, fazer uma frenagem automática de emergência. Sendo assim, os sistemas mais simples de assistência já estão disponíveis nos carros desde 2007.
A partir do “Nível 2”, o veículo pode lidar com maior precisão de acelerador, freio e até mesmo de pequenas correções do volante. Por exemplo, são funções permitidas por sistemas como o ACC (controle de cruzeiro adaptativo) e sistemas de manutenção de faixa.
Já no “Nível 3”, o sistema de auxílio semiautônomo permite que carros acelerem, freiem e até mesmo ultrapassem outros veículos sem qualquer intervenção direta do condutor. Entretanto, os modelos atuais ainda não estão totalmente neste estágio.
Para isso, o sistema também precisa ter capacidade de contornar obstáculos e traçar novas rotas para evitar incidentes ou congestionamentos.
Tecnologias como assistentes de engarrafamento já funcionam usando radares, câmeras e sensores, mas apenas em velocidades abaixo de 60 km/h. Além disso, geralmente funcionam em linha reta. Ou seja, sem os novos cálculos de rota, nem ultrapassagens. Atualmente, estas premissas ainda são de responsabilidade total do motorista.
Nível 5 é a “última fronteira”
A partir do chamado “Nível 4”, o motorista já pode se ausentar totalmente da direção do carro, que pode, então, ser considerado totalmente autônomo. O veículo pode tomar decisões de rota, velocidade e ultrapassagens.
Mas tudo isso só será possível quando os veículos puderem trocar informações em tempo real com outros veículos, e com a infraestrutura de ruas, rodovias e semáforos. O motorista poderá, no entanto, assumir o controle sempre que achar necessário ou em situações de emergência.
Já o “Nível 5” é considerado o último estágio. Nele, não há qualquer forma de comando por parte do condutor. Todos a bordo do veículo são exclusivamente passageiros, uma vez que nem volante, nem pedais estarão presentes. (Jornal do Carro)