O Estado de S. Paulo
Boa parte das tecnologias de proteção contra a covid-19 está sendo desenvolvida em parceria com startups de tecnologia. A Guararapes, fabricante de chapas de MDF, se uniu à empresa Nanox Tecnologia e conseguiu agregar proteções antiviral, antimicrobiana e antifúngica de íons de prata à madeira usada principalmente na fabricação de móveis.
O produto está sendo vendido para a indústria moveleira e marcenarias desde meados do ano passado e atualmente responde por 65% da produção do MDF revestido da empresa.
O gerente de marketing da Guararapes, Humberto Oliveira, diz que a empresa opera no limite da capacidade na fábrica de Caçador (SC) e vai investir R$ 750 milhões para quase dobrar a produção. “Até setembro de 2022 vamos ampliar nossa capacidade produtiva de 600 mil metros cúbicos ao ano para 1,14 milhão de metros cúbicos”, diz.
A Borkar desenvolveu uma película autoadesiva para ser aplicada em variados itens, como mesas, móveis escolares e elevadores para evitar a contaminação cruzada, quando a pessoa toca uma superfície contaminada e depois tocar a boca, nariz ou olhos. Chamada de ProtectVir, foi lançada em janeiro e, além do mercado interno, está sendo negociada com clientes dos EUA, Equador e Portugal.
Segundo Ramatis Radir, gestor do projeto que recebeu R$ 1,5 milhão em investimento, mesmo que toda a população seja vacinada contra a covid-19 ele acredita que a demanda pelo produto será mantida. “Se não levar adiante pela covid, vamos levar por outras bactérias e fungos em geral”, diz ele.
Maior fabricante de tapetes automotivos do País e fornecedora de várias indústrias automotivas, a empresa de Itapecerica da Serra (SP) também desenvolveu o produto na versão antiviral e negocia a venda com as montadoras.
Mudanças globais
Lançado no fim de 2020, o acrílico com aditivo antiviral Nano Power, da Bold, tem características próximas ao normal e a mesma capacidade de moldagem. O Hospital de Jaraguá do Sul (SC), cidade sede da empresa, tem sala toda revestida com o acrílico, informa Ralf Sebold, presidente do grupo.
Ele foi desenvolvido em parceria com a startup TNS Nanotecnologia e, segundo o executivo, a Bold discute seu uso com os ministérios da Saúde (para hospitais, por exemplo), da Educação (móveis escolares), indústrias e comércio.
“Houve grande mudança no mundo quando ocorreu o ataque de 11 de Setembro nos EUA, com a criação de protocolos de segurança que permanecem até hoje; com a pandemia, que matou muito mais pessoas, esse tipo de proteção também será mantida”, diz Sebold. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)