Confiança do consumidor atinge pior nível desde o início da pandemia

Diário do Comércio

 

A confiança do consumidor atingiu neste mês de maio o pior nível desde o início da pandemia, segundo levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O medo do desemprego e a percepção de instabilidade econômica ainda causam muitas preocupações aos brasileiros.

 

O Índice Nacional de Confiança (INC) da ACSP registra atualmente 66 pontos, após cair 4 pontos em relação a abril. Esta também foi a sétima queda seguida do indicador, que em outubro de 2020 registrava 87 pontos, mas desde então seguiu em trajetória descendente.

 

Ainda assim, o resultado de maio mostra uma leve desaceleração no ritmo da queda da confiança, visto que em abril o recuo foi de 6 pontos em relação a março.

 

O desemprego é a maior preocupação dos brasileiros no momento. O levantamento da ACSP mostra que 68% dos consumidores conhecem alguém que ficou sem trabalho nos últimos seis meses. É o maior percentual registrado desde o início da pandemia.

 

E as perspectivas para o mercado de trabalho também não são positivas. Pelo levantamento, 62% projetam que o desemprego irá aumentar muito, enquanto 16% preveem melhora no mercado de trabalho.

 

Além disso, 41% dos respondentes acreditam serem grandes as chances deles próprios, ou de algum conhecido, estarem desempregados nos próximos seis meses. Apenas 20% informaram ser remota a possibilidade de perderem o emprego.

 

“O comportamento do consumidor é influenciado pelo momento atual da economia. Mesmo que as expectativas quanto ao futuro estejam melhorando, a percepção de que atravessamos um momento ruim, com incertezas em relação à vacinação e aos protocolos de isolamento, afeta a confiança”, diz Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP. “Com a confiança afetada, o consumo, principalmente de itens de maior valor, acaba sendo adiado”, completa.

 

Economia e finanças

 

O levantamento da ACSP mostra que 56% dos respondentes estão muito insatisfeitos com a situação econômica geral, seja ela pessoal ou da região onde vivem.

 

O detalhamento dessa informação revela que 46% consideram ruim a própria situação financeira, enquanto 30% a consideram boa.

 

Mas, diferentemente das perspectivas sobre o mercado de trabalho, há otimismo em relação ao futuro das finanças pessoais: 48% esperam que ela melhore nos próximos seis meses, sendo que apenas 13% preveem piora.

 

Com relação à situação da economia local, 48% afirmam estar ruim, e 28%, boa, sendo que para 40% ela estará igual em seis meses.

 

Impacto no consumo

 

Tomados pelo receio de perder o emprego e cheios de incertezas a respeito da economia, os brasileiros passaram a consumir o essencial, deixando as grandes compras em segundo plano.

 

O levantamento da ACSP aponta que 43% dos consumidores entrevistados hoje estão menos seguros para realizar compras de bens duráveis para a casa, como geladeira ou fogão, do que estavam seis meses atrás. Somente 28% informaram estar mais seguros para realizar compras desse tipo.

 

O percentual é praticamente o mesmo quando o bem em questão é de maior valor, como uma casa ou um carro. Neste caso, 44% informaram estar menos confiantes para realizar a aquisição, enquanto 26% afirmaram estar mais dispostos.

 

São Paulo

 

O recorte da pesquisa da ACSP feito no estado de São Paulo mostra que a confiança do consumidor paulista está abaixo da média nacional. Em maio, enquanto o INC registrou 66 pontos, a confiança paulista atingiu 62 pontos após recuo de 4 pontos em relação a abril.

 

O Índice da ACSP varia de zero a 200 pontos, sendo que pontuações abaixo de 100, como a observada atualmente, indicam pessimismo do consumidor.

 

O INC foi calculado após levantamento realizado pela startup Behup em todas as regiões do país com 1,5 mil consumidores. Para o índice de confiança paulista, foram entrevistados 800 consumidores. (Diário do Comércio)