O Estado de S. Paulo
A presença da indústria automobilística no Brasil é fortemente marcada pelas primeiras montadoras que se instalaram no bairro paulistano do Ipiranga e em municípios da região do ABC paulista, especialmente São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo. O ativismo sindical dos trabalhadores metalúrgicos entre as décadas de 1970 e 1980, que resultou em importantes transformações até mesmo na vida política do País, igualmente está vinculado a essas regiões. Do ponto de vista do valor da produção da indústria automobilística, no entanto, tudo isso quase se transformou em registros da história.
Nos últimos anos, por muitas razões – logística, necessidade de relações trabalhistas menos dependentes do comportamento imprevisível de lideranças sindicais, oportunidades fiscais e custo de mão de obra e de instalações, entre várias outras –, as montadoras e as indústrias de autopeças, que se sempre as acompanham, optaram pelo interior.
Os resultados são notáveis. Hoje, o valor da transformação industrial (VTI) das montadoras instaladas na região administrativa de Campinas supera o das fábricas de veículos que continuam a operar na região metropolitana da Grande São Paulo. É o que mostra o boletim Seade Informa, no qual a equipe técnica da Fundação
Seade analisa dados até 2017
Em 2003, quando o processo de interiorização da indústria automobilística não era tão intenso, já se destacavam as regiões de Campinas, São José dos Campos e Sorocaba como polos de atração das montadoras. Ainda assim, a região da Grande São Paulo respondia por 50,9% do valor total da transformação da indústria automobilística instalada no Estado, enquanto a de Campinas respondia por 22% e a de São José dos Campos, por pouco mais de 20%.
Passados 14 anos, a região de Campinas
passou a responder por praticamente 40% de todo o VTI da indústria automobilística do Estado, enquanto a fatia da Grande São Paulo ficou abaixo de 36%. A participação da região de Sorocaba chegou a quase 10% do total estadual em 2013, aproximando-se da de São José dos Campos, de cerca de 11%.
Por ainda abrigar grandes montadoras, São Bernardo do Campo continua sendo o município que detém a maior fatia do VTI das montadoras. Mas sua participação caiu de 25,9% do total em 2003 para 17,1%. (O Estado de S. Paulo)