O Estado de S. Paulo
A General Motors vai produzir uma picape inédita na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista. Segundo a empresa, o investimento para o novo produto faz parte do plano de R$ 10 bilhões já previstos para os próximos cinco anos. O montante será gasto na renovação do portfólio e no desenvolvimento de novas tecnologias nas duas fábricas de São Paulo.
“O modelo chegará para complementar a linha de picapes Chevrolet; além disso, vai estrear um conceito completamente inovador para a marca no segmento de veículos utilitários”, afirma Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul, sem dar mais detalhes.
Segundo ele, a picape está em fase de desenvolvimento e será o próximo integrante da nova família de veículos globais da marca, já composta por Onix, Onix Plus e Tracker.
O anúncio ocorre num momento em que a GM perde participação no mercado brasileiro, que liderou por vários anos, mas agora está na terceira posição, atrás da Fiat e da Volkswagen. A montadora está com a produção interrompida desde março na fábrica de Gravataí (RS), por falta de componentes, e não deve retomar operações completas antes de julho.
A unidade gaúcha produz o Onix, modelo mais vendido da marca e que por vários anos também foi o automóvel líder no País, posição agora ocupada pela picape Strada, da Fiat.
Em alta. Com a chegada do novo veículo, que está sendo desenvolvido na China com participação da engenharia brasileiros, a GM vai ampliar presença no próspero segmento de picapes e contribuirá para o fortalecimento de outros produtos estratégicos para a marca, como a picape S10, feita na unidade de São José dos Campos (SP).
O nicho de picapes é o segundo que mais cresce em vendas no País. De janeiro a abril foram vendidas 117,2 mil unidades, 47% a mais em relação a igual período de 2020. Está atrás dos utilitários-esportivos (SUVS), cujas vendas aumentaram 51% ante o ano passado, para 203 mil unidades.
Os outros dois segmentos de maior presença no mercado, os de carros hatch (incluindo os modelos de entrada) e sedãs tiveram queda de 6,5% e 11%, respectivamente. No mesmo período, as vendas totais de automóveis, que abriga os SUV, aumentaram 7,7%. As de comerciais leves, onde estão as picapes, subiram 42%, puxadas pela Strada e pela Toro, também da
Fiat, e provavelmente a principal concorrente do novo veículo da GM
Outras fabricantes, como Volkswagen e Hyundai, vão lançar picapes no País. Segundo analistas do mercado, junto com os SUVS, o segmento de veículos com pequena caçamba está atraindo especialmente consumidores ligados ao agronegócio, que mantém desempenho positivo nos últimos anos, mesmo durante a pandemia.
Reforma
A GM não diz quando o novo veículo estará à venda. Ele vai substituir a Montana, que deixou de ser produzida no fim de abril. Em nota divulgada ontem, informa que a fábrica do ABC será preparada em etapas para sua produção. A ideia é minimizar os impactos na produtividade do complexo, que recentemente começou a fabricar o SUV Tracker.
A primeira fase da reforma está prevista para as próximas semanas. “Adicionar um produto totalmente novo numa linha de montagem ativa é sempre uma jornada complexa, principalmente diante dos desafios tecnológicos que o projeto impõe. Até por isso a preparação da fábrica será executada em diversos estágios, que levarão meses cada um deles”, afirma Luiz Carlos Peres, vice-presidente de Manufatura da GM América do Sul.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, afirma que o início da produção da nova picape estava previsto para o ano passado, mas a pandemia atrapalhou o projeto. No começo da crise sanitária, a GM suspendeu o plano de investimento de R$ 10 bilhões, anunciado em 2019, e só o retomou em janeiro passado. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)