O Estado de S. Paulo
Em um mês que começou com várias fábricas paradas falta de peças e pelo aumento de casos da covid-19, a indústria automobilística fabricou 190,9 mil veículos em abril, queda de 4,7% em relação a março, que teve três dias úteis a mais. Na comparação com 2020 a diferença é brutal, pois foi o pior mês da história do setor quando, no auge da pandemia, apenas 1,8 mil veículos foram fabricados.
A produção acumulada nos quatro meses é de 788,7 mil automóveis, caminhões e ônibus, 34,2% a mais que em igual período de 2020. O emprego se manteve estável pelo terceiro mês seguido, com 104,7 mil funcionários, o que representa 3,5 mil vagas abertas neste ano, a maioria pelas fábricas de caminhões.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, informa que os novos postos são temporários, pois as empresas estão inseguras para fazer contratações sem prazo definido. Para o executivo, o aumento efetivo de empregos vai depender da retomada da economia que, por sua vez, depende do ritmo da vacinação contra a covid-19.
Moraes afirma que a escassez de peças, em especial de semicondutores – outro problema causado pela pandemia –, pode levar a novas paradas de fábricas neste mês e em junho, “mas não de forma generalizada”. Cada automóvel hoje tem em média 600 microprocessadores de diferentes funções, o que torna complexa sua produção, dominada por grupos asiáticos. “Uma fábrica de semicondutores exige investimento de US$ 1 bilhão”, informa ele.
Ranking global
Em 2020 a pandemia afetou montadoras de todo o mundo, mas o Brasil foi o que registrou a maior queda em produção, de 32%, ficando em nono lugar na lista dos maiores produtores. A produção global caiu 16%, para 77,6 milhões de veículos.
Já o mercado brasileiro caiu uma posição ante 2019, ficando em sétimo lugar na lista, após retração de 26% nas vendas, também a maior entre os demais países. No mundo todo as vendas caíram 14%, para 77,9 milhões de unidades.
Moraes credita o fraco desempenho ao baixo volume de exportações. “O Brasil precisa de mudanças estruturais para ter a mesma competitividade de países como Coreia do Sul, México e Espanha”, afirma. Segundo ele, as fábricas locais têm o mesmo padrão de qualidade, tecnologia e mão de obra internacional, mas questões como impostos, logística e infraestrutura encarecem o produto local e impedem a competição mais justa. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)