China busca liderança em carros elétricos

O Estado de S. Paulo/The New York Times

 

A Xpeng Motors, uma startup chinesa de carros elétricos, recentemente abriu uma grande fábrica de montagem no sudeste da China e está construindo uma subsidiária nas proximidades. A empresa anunciou ainda planos para uma terceira planta industrial. A Zhejiang Geely, dona da Volvo, inaugurou uma enorme fábrica de carros elétricos no leste da China no mês passado, rivalizando em tamanho com algumas das maiores montadoras do mundo.

 

A China está construindo fábricas de carros elétricos quase tão rápido quanto todo o resto do mundo junto. As montadoras chinesas vêm usando os bilhões que arrecadaram com investidores internacionais e autoridades locais para superar as montadoras já estabelecidas no mercado.

 

Mas o sucesso não é garantido. Entre os players se encontram startups, fabricantes de eletrônicos e outros novatos na indústria automobilística. Eles apostam que os motoristas na China e em outros lugares estarão dispostos a gastar US$ 40 mil ou mais por marcas das quais nunca ouviram falar.

 

As montadoras chinesas admitem que a experiência dá às empresas estabelecidas algumas vantagens. Mas insistem que seus planos darão certo. “Temos força de vontade e paciência”, disse He Xiaopeng, presidente e executivo-chefe da Xpeng. “Acho que vamos enfrentar algo muito desafiador, mas precisamos seguir em frente.”

 

A indústria chinesa ganhou tração

 

A China produzirá mais de 8 milhões de carros elétricos por ano até 2028, estima a LMC Automotive, uma empresa global de dados, em comparação com 1 milhão no ano passado. A Europa está a caminho de fabricar 5,7 milhões de carros totalmente elétricos até essa data.

 

A General Motors e outras montadoras americanas têm planos para alcançá-la. Em abril, o presidente Joe Biden pediu aos Estados Unidos que intensificassem seus esforços com veículos elétricos. Durante visita virtual a uma fábrica de ônibus elétricos na Carolina do Sul, ele alertou: “No momento, estamos muito atrás da China”.

 

As montadoras americanas estão caminhando para produzir apenas 1,4 milhão de carros elétricos por ano até 2028, de acordo com a LMC, em comparação com 410 mil no ano passado.

 

As montadoras globais estão ajudando na liderança da China. A Volkswagen recentemente começou a construir sua terceira fábrica chinesa, projetada para produzir carros elétricos.

 

A China já possui a infraestrutura para os carros elétricos, graças a uma implantação nacional apoiada pelo governo de mais de 800 mil estações de recarga públicas. É quase o dobro do resto do mundo, embora os motoristas dos Estados Unidos – que são mais propensos a morar em domicílios unifamiliares – possam conectar seus carros em casa com mais facilidade.

 

Com uma implantação de estações de recarga mais lenta fora da China, as montadoras de outros países planejam continuar construindo alguns carros híbridos por mais alguns anos. Mas o mercado de carros totalmente elétricos já é maior do que o de híbridos, e a liderança dos carros elétricos está se ampliando rapidamente. Montadoras como a GM planejam eliminar os motores a gasolina e diesel nos próximos 15 anos.

 

Para os novos carros chineses, o reconhecimento do nome será um grande desafio. As marcas são desconhecidas até mesmo para os motoristas chineses. Em ruas cheias de Buick, Volkswagen e Mercedes-Benz, esses carros novos ainda têm dificuldade de se destacar. (O Estado de S. Paulo/The New York Times/Keith Bradsher, tradução de Renato Prelorentzou)